Um grupo de quatro profissionais de saúde foi resgatado sob escolta da Força Nacional após sofrer ameaças de morte por parte de indígenas na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O incidente, que começou na quinta-feira (4), na região de Sananaú, levou a uma situação de tensão extrema, com os funcionários trancados dentro de um posto de saúde enquanto indígenas armados cercavam o local.
Conflito começou por causa de uma lanterna
De acordo com informações do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Indígena, o conflito teve início quando um enfermeiro impediu que um grupo de indígenas carregasse uma lanterna no posto de atendimento médico. O profissional justificou que o sistema elétrico do local não suportaria a carga adicional.
Após a negativa, a situação se agravou rapidamente. Na manhã seguinte, os indígenas retornaram ao posto, desta vez armados com espingardas, e cercaram a unidade de saúde. Imagens divulgadas pelo sindicato mostram pelo menos dois homens com armas de fogo do lado de fora, acompanhados por mulheres e crianças.
Resgate aéreo e fuga em meio ao medo
Os quatro profissionais – entre eles enfermeiros, técnicos de enfermagem e um dentista – passaram horas trancados dentro do posto, com medo de que a porta fosse arrombada. Eles chegaram a usar bancos e outros materiais para reforçar a entrada.
O resgate foi realizado por um avião enviado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), órgão vinculado ao Ministério da Saúde. A equipe foi escoltada pela Força Nacional até o Polo Base de Surucucu, onde está em segurança. A assessoria do Dsei-Y informou que o grupo de indígenas envolvido teria vindo da área venezuelana da Terra Yanomami, caminhando por aproximadamente cinco dias até chegar ao posto de saúde.
Cenário de tensão persistente na maior terra indígena do Brasil
A Terra Yanomami, maior território indígena do Brasil com quase 10 milhões de hectares entre Amazonas e Roraima, vive uma crise humanitária e sanitária histórica. Em 2023, o governo federal decretou emergência na região para combater os graves problemas de saúde pública.
Quase três anos após o decreto, lideranças denunciam que o garimpo ilegal permanece ativo, causando destruição de roças, contaminação dos rios por mercúrio e levando a casos de desnutrição. Este episódio de violência contra profissionais de saúde revela a complexidade e a tensão que persistem no território, onde o poder público enfrenta desafios para garantir segurança e atendimento básico.
O g1 procurou o Ministério da Saúde e a Urihi Associação Yanomami para comentar o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.