Engenheiro é preso por abusar de crianças durante mais de dez anos
A Polícia Civil do Espírito Santo prendeu um engenheiro de 40 anos investigado por cometer abuso sexual continuado contra duas crianças em Vitória. As vítimas, que atualmente têm 18 e 19 anos, eram respectivamente enteado e primo do acusado quando os crimes começaram.
Crimes em ambiente familiar
De acordo com a delegada adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Sabrina Kiesel Schons, os abusos ocorriam dentro de casas da família e se estenderam por mais de dez anos. As vítimas tinham apenas 10 e 6 anos quando as agressões começaram.
"As vítimas eram primos entre si. Uma delas era enteado do suspeito e, a outra, primo desse menino. Os fatos ocorreram em ambiente familiar, o que torna o crime ainda mais grave", explicou a delegada durante coletiva de imprensa.
Segundo as investigações, o engenheiro se aproveitava da confiança e proximidade proporcionadas pelo convívio familiar para cometer os crimes. Ele utilizava de violações em troca de oferecer celulares e outros benefícios às crianças.
Suspeito "acima de qualquer suspeita"
A delegada destacou que o homem mantinha uma imagem social que dificultava que qualquer desconfiança recaísse sobre ele. "Era um suspeito acima de qualquer suspeita. Tinha emprego estável, curso superior e uma família aparentemente bem estruturada. Isso tornava muito difícil imaginar que ele praticava esse tipo de crime", afirmou Sabrina Schons.
O caso chegou ao conhecimento da polícia após o pai de uma das vítimas, com quem o suspeito tinha um relacionamento, procurar a delegacia e relatar que o filho estava sofrendo abusos.
Dificuldade na denúncia e trauma das vítimas
A delegada explicou que uma das vítimas chegou a revelar o abuso aos pais anos atrás, mas depois voltou atrás por medo e pressão emocional. "Esses abusos começaram quando eles ainda eram crianças. Muitas vezes, é difícil para a criança entender o que está acontecendo", comentou a autoridade policial.
Sabrina Schons reforçou o alerta aos familiares e à sociedade: "Observem comportamentos, fiquem atentos e não deixem crianças sozinhas com pessoas que possam representar algum risco".
A demora para denunciar é comum em casos de violência sexual, especialmente quando o agressor é alguém próximo. "É um trauma profundo, que causa danos que se estendem pela vida adulta. Uma das vítimas, inclusive, teve uma crise de ansiedade muito forte recentemente, reflexo do que viveu", revelou a delegada.
Prisão e consequências
O engenheiro foi indiciado por estupro de vulnerável das duas vítimas e está preso. Além das medidas judiciais, ele foi desligado da empresa em que trabalhava no dia 4 de novembro.
O nome do homem preso não foi divulgado para preservar a identidade das vítimas. Os familiares foram ouvidos durante as investigações e não há indícios de omissão por parte deles.
As investigações apontaram que os familiares relataram o sofrimento dos meninos, especialmente após reunirem coragem para contar o que viviam. O caso continua sob investigação da DPCA de Vitória.
