Flagra de idosos fazendo sexo na rua revela etarismo nas redes
Casal idoso flagrado em sexo na rua expõe preconceito

Um vídeo que se tornou viral nas redes sociais expôs um dos preconceitos mais profundos e silenciosos da sociedade brasileira: o etarismo. As imagens, que mostram um casal de pessoas idosas tendo relações sexuais em uma via pública de Várzea Grande, no Mato Grosso, foram compartilhadas massivamente no dia 15 de dezembro de 2025. No entanto, o foco da discussão online rapidamente se desviou da questão do uso do espaço público para a ridicularização da vida sexual dos envolvidos.

O tabu da sexualidade na velhice

A reação predominante nas redes foi de deboche e uma surpresa exagerada. Muitos usuários trataram o fato como algo anormal ou cômico, incapazes de assimilar que pessoas na terceira idade mantêm uma vida sexual ativa. Esse episódio revela que, mesmo em uma era que se considera aberta para discutir sexualidade, o prazer e o desejo ainda são culturalmente atribuídos apenas a corpos jovens.

O tabu em torno da sexualidade na velhice persiste, mostrando uma visão limitada e preconceituosa sobre o envelhecimento. A sociedade frequentemente infantiliza ou dessexualiza os idosos, ignorando que a necessidade de afeto e intimidade não tem idade para acabar.

O debate que se perdeu: respeito versus preconceito

O cerne da questão, que deveria ser o respeito ao espaço público, foi completamente ofuscado pelo preconceito etário. Embora a atitude do casal em um local público seja passível de discussão sobre limites e convivência, a narrativa nas redes foi dominada por piadas e julgamentos morais direcionados à idade dos participantes, não ao ato em si.

Esse viés deixa claro que, para uma parcela significativa da população, a ideia de idosos praticando sexo é vista como:

  • Algo anormal ou patológico.
  • Motivo para escárnio e humilhação.
  • Um desvio do comportamento esperado para a idade.

Etarismo: um preconceito arraigado e pouco combatido

O etarismo – a discriminação baseada na idade – se manifestou de forma cristalina nesse caso. Diferentemente de outros tipos de preconceito, ele muitas vezes passa despercebido ou é socialmente tolerado, disfarçado de "brincadeira" ou "natural".

O caso de Várzea Grande serve como um alerta sobre a necessidade de incluir a terceira idade nas discussões sobre diversidade, direitos e sexualidade. Envelhecer não significa abdicar da própria humanidade, que inclui a sexualidade. A quebra desse tabu é fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva, que respeite todas as fases da vida.

Enquanto a reação nas redes destacou o preconceito, a discussão produtiva deve evoluir para como garantir os direitos e a dignidade dos idosos, combatendo visões estereotipadas e promovendo um envelhecimento saudável e ativo em todas as suas dimensões, incluindo a afetiva e sexual.