Aluna com paralisia cerebral é barrada em passeio escolar no DF
Cadeirante de 10 anos barrada em passeio escolar no DF

Falta de acessibilidade impede aluna com deficiência de participar de passeio escolar

A realidade da educação inclusiva no Distrito Federal enfrenta desafios estruturais que comprometem o direito à educação de milhares de estudantes com deficiência. Um caso emblemático ocorreu com a pequena Rebeca, de 10 anos, que vive com paralisia cerebral e estuda na Escola Classe 502 de Samambaia.

A estudante foi impedida de participar de um passeio ao cinema com seus colegas de classe porque o ônibus utilizado não tinha adaptações para transportar sua cadeira de rodas. O episódio revela uma triste realidade que afeta mais de 27 mil alunos com deficiência matriculados na rede pública de ensino do DF.

Problemas vão além dos passeios escolares

O pai da menina, Marcos Antônio, registrou em vídeo a situação dos veículos sem adaptação. "Não tem rampa, não tem adaptação. Então quer dizer, se eu for colocar a minha filha aqui cadeirante, ela vai ficar solta?", questiona o pai, mostrando a precariedade da situação.

Além das atividades extraclasse, a rotina dentro da sala de aula também é afetada. A mãe de Rebeca, Luana Andrade, relata que enfrenta a falta de monitores e educadores sociais para a filha. A monitora que cuidava da menina foi afastada por questões de saúde e não foi substituída, deixando a estudante sem suporte adequado durante parte do seu turno escolar.

Falta de estrutura e profissionais compromete educação inclusiva

Os problemas de infraestrutura não se limitam aos transportes. Uma fiscalização realizada em junho pelo Tribunal de Contas do DF em 38 escolas da capital apontou graves deficiências:

  • Falta de rampas adequadas
  • Ausência de sinalização tátil
  • Banheiros não adaptados
  • Falta de água potável em algumas unidades
  • Limpeza inadequada de caixas d'água e esgoto

A situação se agrava com a escassez de profissionais de apoio. Das mais de 27 mil crianças com deficiência na rede pública, há apenas 1.391 monitores disponíveis, número insuficiente para garantir o atendimento adequado.

Secretaria de Educação se pronuncia sobre o caso

Em nota enviada à TV Globo, a Secretaria de Educação do Distrito Federal afirmou que "acompanha com atenção" as auditorias e "reafirma seu compromisso com a melhora da infraestrutura das unidades escolares".

A pasta explicou que a diferença entre o número de nomeações e monitores em exercício ocorre porque nem todos os nomeados tomam posse ou entram em exercício, citando como motivos:

  • Não comparecimento à posse
  • Desistência
  • Não apresentação da documentação exigida
  • Exoneração
  • Remanejamento para outros cargos

A SEEDF destacou que tem investido na ampliação do quadro de monitores, com nomeações contínuas e um novo concurso já autorizado para 2026, que incluirá vagas para a especialidade de monitor.

Enquanto as promessas de melhorias não se concretizam, estudantes como Rebeca continuam tendo seus direitos básicos à educação e inclusão negados, evidenciando a urgência de políticas públicas efetivas para garantir a acessibilidade em todas as esferas do ambiente escolar.