
Uma cena que começa como qualquer outra na cozinha de uma casa simples terminou em pesadelo para uma adolescente de 16 anos em Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. A água fervente no fogão, algo tão comum no preparo do almoço, se transformou em fonte de dor e trauma.
O que aconteceu exatamente? Bom, segundo relatos que chegaram ao Conselho Tutelar, a jovem sofreu queimaduras graves nas duas mãos. E quando digo graves, é daquelas situações que fazem até profissional de saúde experiente ficar com o coração na mão.
O alerta médico que gelou a espinha
A conselheira tutelar Rosimeri Alves da Silva revelou um detalhe que mostra a gravidade do caso. "O médico disse que ela poderia perder as duas mãozinhas" - contou, numa daquelas frases que a gente ouve e espera nunca ter que repetir. Perder as mãos aos 16 anos? A imaginação até recua diante de uma possibilidade tão cruel.
O tratamento está sendo feito no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, o que por si só já indica a seriedade das queimaduras. Não é qualquer caso que precisa ser transferido para a capital.
Além das queimaduras: a vulnerabilidade que dói
Aqui a história ganha camadas mais complexas. A família da adolescente vive situação de vulnerabilidade social - daquelas que a gente sabe que existem, mas preferia não confirmar. A conselheira foi categórica: "A gente viu que a família é carente, que não tem condições de comprar um botijão de gás".
E é aí que o caso deixa de ser apenas um acidente doméstico para virar um retrato social. Cozinhar no fogão a lenha por falta de gás - uma realidade que muitos urbanos nem imaginam ainda existir. A lenha, o fogo, o risco aumentado... Tudo se conecta numa teia de dificuldades.
O que vem pela frente?
Agora são dois fronts de batalha: o médico e o social. Enquanto os profissionais de saúde lutam para salvar as mãos da jovem - e que sorte a nossa que a medicina hoje pode fazer quase milagres - o Conselho Tutelar articula apoio para a família.
Rosimeri adiantou que já acionou a Secretaria de Assistência Social do município. A ideia é garantir cesta básica e, quem sabe, um botijão de gás. Pequenos gestos que podem significar um novo começo - ou pelo menos evitar que a tragédia se repita.
O caso me fez pensar: quantos outros "quase acidentes" acontecem diariamente nas cozinhas do Brasil por falta de condições básicas? Quantas famílias ainda dependem de métodos mais perigosos para preparar a refeição do dia? Perguntas que, talvez, preferíssemos não fazer.
Por enquanto, torcemos pela recuperação completa da adolescente. E que suas mãos - essas mesmas que a vida quase levou - possam escrever novas histórias, bem diferentes desta.