
Os números não mentem — e, no caso do Acre, eles gritam por atenção. O estado acabou de ser apontado como o 6º no ranking nacional de violência sexual contra menores, segundo dados que circulam nos bastidores do poder público. Uma realidade que envergonha e preocupa, principalmente quando a gente para pra pensar que são vidas sendo destruídas antes mesmo de florescer.
Não é de hoje que essa chaga social assola o país, mas no Norte a situação parece ter um gosto ainda mais amargo. Entre janeiro e julho deste ano, os casos registrados (e a gente sabe que muitos ficam no escuro) já superaram a marca do ano passado inteiro. Algo está muito errado — e não são só as estatísticas.
O que os especialistas dizem?
Conversamos com Maria Fernanda, psicóloga que atende vítimas há 15 anos, e ela foi direta: "Aqui falta tudo — desde delegacias especializadas até abrigos decentes. Muitas vezes a criança denuncia e volta pra mesma casa onde sofreu o abuso porque simplesmente não tem pra onde ir." Dura realidade, né?
Por outro lado, o secretário de Segurança Pública do estado garante que novas medidas estão sendo tomadas:
- Criação de uma força-tarefa interdisciplinar
- Capacitação de agentes para atendimento humanizado
- Parceria com escolas para programas de prevenção
Mas será que isso basta? Enquanto isso, nas comunidades ribeirinhas — onde o acesso à Justiça é quase ficção científica —, o silêncio continua sendo o maior cúmplice dos agressores.
E as vítimas? Como ficam?
Pois é... A história da Ana (nome fictício), 13 anos, choca qualquer um que ainda tenha um pingo de humanidade. Abusada pelo padrasto desde os 9, só conseguiu ajuda quando uma professora percebeu mudanças de comportamento e marcas no corpo. Três anos sofrendo calada. Três anos sendo roubada da própria infância.
Casos como o dela não são exceção — são a regra num sistema que falha redondamente na proteção dos mais vulneráveis. E o pior? Muitos agressores são pessoas próximas, da própria família. Aqueles que deveriam proteger viram algozes.
Enquanto os gabinetes discutem orçamentos e planos de ação, lá na ponta as crianças continuam pagando o preço mais alto possível. Até quando?