Pesquisa chocante: 16% das crianças brasileiras já sofreram racismo antes dos 7 anos
16% das crianças já sofreram racismo antes dos 7 anos

É de cortar o coração. Uma realidade que muitos preferem ignorar, mas que está ali, escancarada, nos olhares das crianças mais novas do nosso país. O Datafolha trouxe à tona números que doem - e como doem.

Pasmem: 16% das crianças brasileiras com até 6 anos já teriam sofrido racismo. Isso mesmo, antes mesmo de completarem 7 anos, essas pequenas almas já conhecem o gosto amargo da discriminação. Os dados são baseados na percepção de quem mais deveria protegê-las: seus responsáveis.

O peso dos números

A pesquisa, encomendada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, não deixa margem para dúvidas. Quando a gente para pra pensar - e olha que é difícil pensar nisso sem sentir um nó na garganta - estamos falando de quase uma em cada cinco crianças. Crianças que mal aprenderam a amarrar os sapatos, mas já carregam nas costas o fardo do preconceito.

E sabe o que é mais revoltante? A maioria desses episódios acontece justamente onde as crianças deveriam se sentir mais seguras: nas escolas, nos parquinhos, nas atividades sociais. Lugares que deveriam ser de brincadeira e descobertas, mas que se transformam em cenários de exclusão.

As marcas invisíveis

Não é exagero dizer que essas experiências deixam cicatrizes profundas. Psicólogos infantis alertam - e qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade consegue entender - que o racismo na primeira infância pode afetar o desenvolvimento emocional, a autoestima e até o desempenho escolar.

"Mas são crianças, elas não percebem" - dizem alguns. Engano colossal. As crianças percebem sim, e de uma forma que muitos adultos nem imaginam. Elas sentem o olhar diferente, o tratamento desigual, a exclusão sutil (ou nem tão sutil assim).

Um retrato do Brasil que dói

Essa pesquisa funciona como um espelho - e que espelho doloroso! - da nossa sociedade. Revela que o racismo estrutural não é uma abstração, não é um conceito acadêmico distante. Ele está ali, no dia a dia, afetando os mais vulneráveis entre os vulneráveis.

E olha, não adianta fingir que é problema dos outros. Isso é responsabilidade de todos nós - pais, educadores, sociedade como um todo. Como vamos construir um país mais justo se nem nossas crianças estão livres dessa chaga?

A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com 95% de confiança. Foram 1.345 entrevistas realizadas entre 1º e 8 de agosto, em 119 municípios. Números frios para uma realidade que queima.

Enquanto isso, seguimos na esperança - talvez ingênua - de que um dia essas estatísticas possam ser apenas uma lembrança distante de um passado que superamos. Até lá, o trabalho precisa continuar. E urgente.