Motorista confessa armação no Rodoanel: pena pode chegar a 6 meses
Motorista confessa armação no Rodoanel de SP

Um motorista de caminhão de 52 anos admitiu ter armado toda a situação que paralisou parte do Rodoanel de São Paulo nesta semana. Dener Laurito dos Santos confessou às autoridades que simulou um assalto e sequestro para chamar a atenção, segundo revelou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Osvaldo Nico.

Confissão e detalhes da armação

Durante depoimento à Polícia Civil, Dener assumiu que foi o responsável por toda a encenação. De acordo com o secretário Nico, em entrevista ao programa Brasil Urgente da TV Bandeirantes, o caminhoneiro produziu a bomba falsa encontrada na carreta e também jogou a pedra no para-brisa do veículo.

A versão inicial contada pelo motorista era completamente diferente. Ele havia afirmado que criminosos jogaram uma pedra no para-brisa do caminhão em determinado trecho do Rodoanel e anunciaram o sequestro. Disse ainda que foi amarrado na parte de trás da carreta e obrigado a permanecer quieto, mas que os assaltantes fugiram quando ele reagiu.

"A polícia chegou a mostrar que estava mentindo. Então, teve uma hora que ele resolveu falar devido ao trabalho policial que conseguiu provas de que ele estava falando mentiras", explicou Osvaldo Nico.

Consequências criminais e de trânsito

Segundo especialistas consultados, o motorista pode responder criminalmente pela falsa comunicação de crime. A advogada criminalista Julia Cassab, do escritório João Victor Abreu Advogados Associados, explica que se ficar comprovado que não houve assalto nem sequestro, Dener pode ser responsabilizado por ter acionado forças de segurança e a concessionária da via sem motivo real.

A pena para esse crime é de um a seis meses de detenção ou multa. De acordo com o criminalista Gustavo Bassan, a gravidade da falsa comunicação não altera a pena prevista, pois esse delito não possui causas específicas de aumento. Portanto, o tamanho do transtorno causado pela armação não influencia diretamente na punição.

Além das consequências criminais, o motorista também pode responder por infração de trânsito. Bassan afirma que ele pode ser punido por obstruir a via pública, já que o caminhão ficou atravessado no Rodoanel sem justificativa plausível. Nesse caso, a infração é considerada gravíssima e acarreta multa e apreensão do veículo.

Possibilidade de inimputabilidade

Os especialistas também levantam a possibilidade de o caso envolver um surto do motorista. Nessa hipótese, explica a advogada Julia Cassab, Dener poderia ser considerado inimputável. Isso ocorre quando a pessoa não tem plena capacidade de entender seus atos ou de agir de acordo com esse entendimento.

Se comprovada a inimputabilidade, o caminhoneiro não responderia criminalmente, mesmo tendo causado todos os transtornos registrados. A Polícia Civil não encontrou em imagens de monitoramento qualquer evidência que comprovasse a primeira versão apresentada pelo motorista.

Até o momento, não há informações sobre se Dener permanecerá preso e por quais crimes específicos ele responderá. A reportagem tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), mas ainda aguarda manifestação oficial sobre o caso.