Empresário condenado a 13 anos por matar ciclista Marina Harkot está foragido há um mês
Motorista condenado por matar ciclista está foragido há um mês

O empresário José Maria da Costa Júnior, condenado a 13 anos de prisão pelo atropelamento e morte da ciclista e socióloga Marina Harkot, em 2020, em São Paulo, completa neste sábado (6) um mês como foragido da Justiça. A ordem de prisão foi expedida em 6 de novembro, mas o motorista, de 38 anos, não foi encontrado em seu endereço em Socorro, interior paulista.

Condenação e fuga da Justiça

Em janeiro de 2025, José Maria foi julgado e condenado pelos crimes de homicídio doloso por dolo eventual (quando se assume o risco de matar), embriaguez ao volante e omissão de socorro. Na época, ele continuou em liberdade, mas o Ministério Público recorreu da decisão.

No dia 5 de novembro, a 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que ele fosse preso para cumprir a pena. O mandado de prisão imediata foi emitido no dia seguinte. Ao buscarem o empresário em sua residência, policiais não o encontraram, e ele passou a ser considerado foragido a partir de então.

Defesa busca anular prisão e condenação

Procurado pela reportagem, o advogado de José Maria, José Miguel da Silva Júnior, confirmou que ingressou com um pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar revogar a prisão de seu cliente. O recurso será julgado em 5 de fevereiro de 2026.

No documento, a defesa alega que a decretação da prisão causa "constrangimento ilegal" ao empresário, uma vez que, após a condenação em primeira instância, a própria Justiça paulista havia entendido que não era caso de prisão preventiva.

Questionado sobre se orientou o cliente a se entregar, o advogado afirmou que José Maria está propenso a se apresentar, mas que precisa alinhar os detalhes. "Segunda (8) terei novidades em relação à apresentação dele", disse José Miguel.

Além do habeas corpus, os advogados do empresário também vão solicitar a anulação do julgamento. Eles sustentam que o caso deveria ser enquadrado como homicídio culposo (sem intenção de matar) e alegam que os jurados votaram contra as provas dos autos, incluindo a ausência de um laudo que comprovasse a embriaguez no momento do crime.

Os detalhes do atropelamento fatal

O crime ocorreu na noite do dia 8 de novembro de 2020, na Avenida Paulo VI, no bairro de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. Marina Harkot, de 28 anos, pedalava sua bicicleta vermelha quando foi atingida por trás por um Hyundai Tucson prata, dirigido por José Maria.

Durante o julgamento, os jurados consideraram provado que o motorista:

  • Havia ingerido bebida alcoólica (uísque com energético, conforme depoimento de dois amigos que estavam no carro).
  • Dirigia em alta velocidade. Laudo pericial de um vídeo mostrou que o carro trafegava a 93 km/h em uma via com limite de 50 km/h logo após o atropelamento.
  • Fugiu do local sem prestar socorro à vítima.

O motorista se apresentou à polícia apenas dois dias depois, o que impossibilitou a realização do exame de dosagem alcoólica. Em seu interrogatório, José Maria negou ter bebido e afirmou que não viu a ciclista porque o local estava escuro. No entanto, uma policial militar que socorreu Marina testemunhou que o local era iluminado e era possível vê-la.

O empresário também alegou que, ao ouvir o barulho da colisão, não parou porque pensou se tratar de uma tentativa de assalto. Disse que só desconfiou do atropelamento ao ver a notícia na televisão, dias depois. O laudo do IML atestou que a ciclista morreu devido a um politraumatismo, com diversas fraturas pelo corpo.

Desde o crime, a carteira de motorista de José Maria está suspensa por decisão judicial.

As autoridades pedem que qualquer pessoa com informações sobre o paradeiro do foragido entre em contato com o Disque-Denúncia pelo telefone 181. A identidade do denunciante pode ser preservada.