Os servidores da Polícia Científica do estado do Pará decidiram cruzar os braços na manhã desta sexta-feira, 5 de julho. A paralisação, que começou por volta das 7 horas, tem como principal bandeira a luta pela regularização da categoria através da aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR).
O cerne da reivindicação: a exclusão no PCCR
De acordo com os manifestantes, um ponto crucial alimenta a insatisfação. Desde o início de 2024, está em curso um processo para regularizar e promover as carreiras das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PA). No entanto, apenas a Polícia Científica permanece sem o seu PCCR aprovado, uma situação vista como um tratamento desigual perante as demais forças de segurança.
Os representantes da categoria vão além na crítica. Eles alegam que o Ministério da Justiça destina anualmente cerca de R$ 45 milhões em recursos, além de equipamentos, somando um montante próximo de R$ 80 milhões para a segurança pública no estado. Segundo os grevistas, esse valor não chega de forma adequada aos servidores da Polícia Científica justamente pela ausência do plano de carreira estruturado.
Impacto da paralisação e mobilizações
A adesão à greve envolveu aproximadamente 450 servidores, um número significativo da força de trabalho. Em nota oficial, a Polícia Civil do Pará informou que conseguiu manter 30% do seu quadro em funcionamento durante a paralisação. A corporação garantiu que os atendimentos considerados essenciais e direcionados a grupos vulneráveis não foram interrompidos.
Exames de lesão corporal, atendimentos a idosos, mulheres, crianças e pessoas custodiadas seguiram sendo realizados normalmente, assegurando um mínimo de serviço à população. A paralisação desta sexta-feira teve duração determinada de 12 horas, mas os servidores já avisaram: se suas demandas não forem ouvidas, a greve será retomada na próxima terça-feira, 9 de julho.
Negociações em andamento e pressão pública
A mobilização da categoria não começou hoje. Desde a última terça-feira, 2 de julho, os servidores realizam protestos para chamar a atenção do poder público. Ações foram organizadas em frente a órgãos importantes da capital, como a Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) e a Secretaria de Estado de Planejamento e Administração (Seplad).
Do lado do governo, duas secretarias estão diretamente envolvidas nas tratativas: a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) e a própria Seplad. Ambas confirmaram que mantêm canais de negociação abertos com os representantes dos servidores em greve, buscando uma solução para o impasse.
O desfecho dessas conversas será decisivo para definir se os serviços da Polícia Científica paraense retornarão à normalidade na próxima semana ou se uma nova etapa de paralisações terá início, intensificando a pressão por uma resposta concreta sobre o plano de carreira há muito reivindicado.