Analista da PC é denunciada por desviar 200 armas e dinheiro de delegacia em BH
Servidora da Polícia Civil denunciada por peculato em MG

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) formalizou uma denúncia contra uma servidora da Polícia Civil, acusada de desviar um grande volume de armas de fogo, dinheiro e outros objetos de uma delegacia na capital. A ação penal foi movida contra Vanessa de Lima Figueiredo, analista da corporação, pelo crime de peculato.

Os detalhes da acusação e o período dos fatos

De acordo com a denúncia oferecida à Justiça, os atos ilícitos teriam ocorrido entre os dias 20 e 29 de outubro de 2025. Nesse intervalo, Vanessa era a responsável pelo setor de protocolo e pela sala de acautelamento de materiais apreendidos na 1ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro, em Belo Horizonte.

Um inventário realizado em 29 de outubro revelou um prejuízo significativo: o desaparecimento de aproximadamente 200 armas de fogo, além de valores em espécie e outros itens. Entre as evidências, um invólucro que deveria conter R$ 1.908 foi encontrado violado e vazio. A investigação também descobriu, em 13 de novembro, um armário trancado e desconhecido por outros servidores, contendo pacotes abertos.

As provas e as suspeitas de enriquecimento ilícito

As investigações apontam que a servidora era a única detentora da chave da sala de custódia e, em muitos casos, a última a registrar os materiais no sistema eletrônico da Polícia Civil. Imagens de câmeras de segurança tornaram-se peças-chave no caso.

Os registros mostram Vanessa entrando e saindo da delegacia com sacolas e bolsas grandes nos dias 20, 22, 24 e 29 de outubro. As filmagens coincidem com movimentações suspeitas de veículos, incluindo um Nissan Kicks de uso da investigada e um Citroën DS3 branco conduzido por uma pessoa não identificada.

Em uma sequência gravada no dia 29 de outubro, um homem é visto acessando o porta-malas do carro usado por Vanessa na rua da delegacia. Ele retira uma bolsa e a coloca no veículo branco. A investigação ainda não confirmou o conteúdo da bolsa nem uma relação direta do homem com o crime.

O Ministério Público também levantou indícios de um padrão de vida incompatível com a renda da servidora. Foram citadas viagens internacionais, aquisição de bens de alto valor e cirurgias plásticas realizadas nos últimos anos.

O que alega a defesa e as possíveis consequências

No processo, a defesa de Vanessa pediu a revogação da prisão preventiva, argumentando ausência de requisitos legais e fragilidade das provas. Os advogados sustentam que o indiciamento se baseia apenas em declarações de policiais que também tinham responsabilidade sobre os bens desaparecidos, o que, para a defesa, compromete a imparcialidade.

O advogado defende que a servidora é primária, tem residência fixa e vínculo estável, e que o inquérito já foi concluído, não havendo risco para a instrução processual.

A denúncia foi encaminhada à Justiça e, se aceita, Vanessa responderá a processo criminal pelo crime de peculato. A pena prevista para esse tipo de delito varia entre 2 e 12 anos de reclusão, além do pagamento de multa.