Demonstração com arma laser foi crucial na absolvição do PM
O tenente da Polícia Militar Henrique Velozo utilizou uma arma falsa com mira laser durante o julgamento para demonstrar aos jurados como efetuou o disparo que matou o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo. A encenação, registrada em vídeo, aconteceu no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo.
Três dias de julgamento e decisão por maioria
O julgamento, que se estendeu por três dias, terminou na sexta-feira (14) com a absolvição por maioria de votos do tenente Henrique Velozo. Ele respondia por homicídio doloso triplamente qualificado, mas conseguiu convencer os jurados de que agiu em legítima defesa durante o ocorrido em 7 de agosto de 2022.
O caso aconteceu durante um show no Clube Sírio, na Zona Sul de São Paulo, quando o PM estava de folga e sem uniforme. Segundo o depoimento de Henrique, ele foi abordado por Leandro Lo e mais quatro amigos praticantes de artes marciais.
Versão do PM sobre a noite da tragédia
Em seu interrogatório, o tenente relatou que foi derrubado no chão por Leandro Lo e imobilizado com um golpe conhecido como "mata-leão". "Eu efetuei um disparo de arma de fogo para proteger a minha vida porque eu já tinha sido agredido uma vez. E eu ia ser agredido de novo", explicou Henrique durante o julgamento.
Na simulação feita com a arma de plástico, o PM se levantou no plenário e apontou a mira vermelha na testa de um de seus defensores, reproduzindo o momento exato do disparo fatal que atingiu a cabeça do lutador.
Reação da família e recursos
Após três anos detido preventivamente, Henrique foi solto no sábado (15) e reassumiu seu posto na Polícia Militar na terça-feira (18). A decisão revoltou a família de Leandro Lo, que declarou não ter havido Justiça.
O Ministério Público já informou que irá recorrer da decisão, pedindo a anulação do júri e a marcação de um novo julgamento. A Promotoria considera que a reação do PM foi desproporcional à situação.
Leandro Lo tinha 33 anos quando morreu, mesma idade de Henrique atualmente. O lutador era oito vezes campeão mundial de jiu-jítsu, com sua última conquista ocorrendo em 2022, mesmo ano de sua morte.