O jovem que ficou conhecido nacionalmente após viralizar em uma audiência de custódia com a juíza Mônica Miranda morreu em um confronto com a Polícia Militar de Goiás. Kaique Carlos de Souza Ribeiro foi baleado durante uma troca de tiros na noite de segunda-feira (24), segundo informações divulgadas pela corporação.
O confronto fatal na GO-222
De acordo com a Polícia Militar, o incidente ocorreu durante um patrulhamento realizado na GO-222, entre Nova Veneza e Inhumas, na região central de Goiás. Além de Kaique, outro jovem que não teve a identidade divulgada também morreu no local após ser atingido pelos disparos.
O tenente Marcus Ungarelli, da Companhia de Policiamento Especializado (CPE) de Trindade, relatou que a ação policial começou após uma denúncia anônima sobre um Gol prata que se dirigia para Deuslândia, distrito de Brazabrantes, para buscar uma grande quantidade de drogas.
"Localizamos esse veículo. Fizemos o retorno onde tentamos abordá-lo, porém o mesmo empreendeu fuga", explicou o militar. "Já chegando na cidade de Inhumas, fizeram a parada, desceram do veículo e efetuaram disparos de arma de fogo contra as equipes, não dando outra alternativa a não ser o revide".
Os dois jovens atingidos receberam socorro imediato, mas não resistiram aos ferimentos e morreram no local. A polícia apreendeu duas armas de fogo, drogas e o veículo utilizado pelos suspeitos.
Histórico criminal e o caso que viralizou
Kaique Carlos de Souza Ribeiro havia conquistado notoriedade nas redes sociais em maio de 2023, quando participou de uma audiência de custódia online presidida pela juíza Mônica Miranda. A magistrada reconheceu o jovem e riu ao se deparar com ele novamente no sistema judicial.
"Estou vendo aqui, Kaique. Você de novo?! Ê, menino! Se você fosse meu filho... Me ajuda a te ajudar", disse a juíza durante a sessão que foi gravada e se espalhou pela internet.
Em outro momento descontraído, Mônica Miranda fez referência ao advogado de Kaique: "Me ajuda a ajudar o doutor, coitado. Ele nem consegue dormir mais".
A postura da juíza gerou debates nas redes sociais e dividiu opiniões. Na época, a Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) emitiu uma nota manifestando apoio à conduta da magistrada.
Repercussão e histórico do caso
A associação dos magistrados defendeu que "a postura cordial da magistrada não retira a seriedade do ato, mas traduz o equilíbrio entre firmeza judicial e respeito à dignidade da pessoa humana". O documento também alertou que "decisões judiciais são técnicas e não podem ser julgadas por recortes de vídeos ou interpretações descontextualizadas".
Segundo a Polícia Militar, Kaique possuía uma ficha criminal com mais de 10 antecedentes, incluindo passagens por crimes graves como homicídio, roubo e tráfico de drogas. O jovem de 19 anos tornou-se um símbolo da reincidência criminal no país após o vídeo da audiência alcançar milhões de visualizações.
O caso chama atenção para a complexidade do sistema judicial brasileiro e os desafios enfrentados por autoridades ao lidar com jovens reincidentes no crime. A morte de Kaique encerra tragicamente uma trajetória que começou a ganhar os holofotes justamente durante um procedimento legal rotineiro.