Julgamento por chacinas em Mogi das Cruzes tem primeira etapa concluída
O júri popular do ex-policial militar Fernando Cardoso Prado de Oliveira e do PM Vanderlei Messias de Barros, acusados de envolvimento em uma série de assassinatos conhecida como chacinas de Mogi das Cruzes, foi suspenso nesta quinta-feira (27) por volta das 17h30, no Fórum de Brás Cubas.
Andamento do processo judicial
O julgamento havia começado às 11h20 da manhã, e durante todo o dia foram ouvidas todas as testemunhas, assim como os próprios réus. O processo será retomado nesta sexta-feira (28), às 9h, para continuidade dos trabalhos do tribunal do júri.
Originalmente, os dois acusados deveriam ser julgados no dia 18 de fevereiro, mas a ausência de uma testemunha fundamental causou o cancelamento da sessão, resultando no reagendamento para novembro.
Vítimas e busca por justiça
Fernando Cardoso e Vanderlei Messias estão sendo julgados novamente pelos assassinatos de Rafael Augusto Vieira Muniz e Bruno Fiusa Gorrera, mortos em 24 de setembro de 2014, no Jardim Camila.
Sara Vieira, irmã de Rafael Augusto, compareceu ao fórum desde cedo e compartilhou sua expectativa: "A expectativa é que a Justiça seja feita. Que tudo pode falhar na mão dos homens, mas nas mãos de Deus não. Demora, mas a Justiça é feita".
Histórico judicial complexo
Este não é o primeiro julgamento dos acusados por esses crimes. Em fevereiro de 2019, eles já haviam passado por júri popular e foram absolvidos. No entanto, após recurso da acusação, o julgamento daquele ano foi cancelado e precisou ser refeito.
Para Fernando Cardoso, este é o terceiro júri pelo qual passa. Ele também foi absolvido em outubro de 2018, quando era acusado pela morte do jovem Matheus Aparecido da Silva e pela tentativa de homicídio de Rodrigo Matos de Camargo de Souza Lima durante as chacinas de 2013 e 2015.
Condenações anteriores e contexto das chacinas
Em agosto de 2019, em outro júri, ambos os acusados foram condenados. Fernando Cardoso recebeu pena de 132 anos e cinco meses de prisão por seis homicídios dolosos (quando há intenção de matar), três tentativas de homicídio e associação criminosa.
Já Vanderlei Messias foi condenado a 85 anos e nove meses de reclusão por três homicídios e duas tentativas de homicídio.
Vale destacar que em fevereiro de 2018, o Diário Oficial do Estado de São Paulo publicou a demissão de Cardoso da PM, "pelo bem do serviço público".
As chacinas que chocaram Mogi das Cruzes entre 2013 e 2015 resultaram na morte de 26 jovens, em uma série de ataques a tiros que mobilizou a sociedade e o sistema de justiça da região.