Ex-PM Condenado por Chacina do Curió é Preso no Brasil Após Deportação dos EUA
Ex-PM da Chacina do Curió preso após deportação

Era questão de tempo. A justiça tem dessas coisas — às vezes demora, mas quase sempre chega. E chegou para aquele que andava fugindo há anos, um fantasma do passado sombrio de Fortaleza.

O ex-policial militar Raimundo Nonato de Almeida, que todo mundo conhecia só como "Nonato", acabou detido assim que pisou de volta em solo brasileiro. Tinha sido deportado direto dos Estados Unidos, onde tentava viver anônimo. Mas o anonimato tem prazo de validade quando se carrega um histórico como o dele.

O pesadelo de 2015 que nunca acabou

Quem era adulto em Fortaleza naquele ano de 2015 dificilmente esquece. A Chacina do Curió — nome que vem do bairro Curió onde aconteceu — chocou a cidade inteira. Onze pessoas mortas, executadas de forma brutal. Uma daquelas cenas de crime que parecem sair de filme de terror, só que real, dolorosamente real.

Nonato não agiu sozinho, claro. A Justiça já tinha condenado ele e outros PMs — Valberto Lima, Weberson Dias e Carlos Alberto — como autores do massacre. Todos receberam sentenças pesadíssimas, na casa dos 200 anos de cadeia. Mas enquanto os outros já estavam atrás das grades, Nonato dava o ar da sua graça por aí, vivendo como se nada tivesse acontecido.

Fuga interrompida

O que será que passou pela cabeça dele quando os agentes da Polícia Federal o abordaram? Talvez aquele misto de alívio e desespero — alívio por talvez acabar a fuga interminável, desespero pelo que vem pela frente.

Agora ele está no Centro de Prisão Provisória de Fortaleza, à espera de transferência para o sistema penitenciário do Ceará. Vai cumprir os 272 anos — sim, você leu certo — que recebeu pela participação na chacina.

Detalhe cruel: o mandado de prisão contra ele já estava aberto desde 2021, quando o Tribunal de Justiça do Ceará confirmou a condenação. Quatro anos esperando, quatro anos calculando cada movimento, até que o movimento final veio de onde talvez não esperasse — de uma deportação.

Justiça que tece devagar

O caso todo me faz pensar naquelas teias de aranha — invisíveis até que a presa se enrosca. A Justiça pode ser lenta, pode parecer distante, mas quando pega, não solta mais.

E pensar que esse não é um caso isolado. Só no Ceará, vários ex-PMs já foram condenados por crimes violentos nos últimos anos. Uma realidade triste, que mancha a farda daqueles que deveriam proteger.

Para as famílias das vítimas, a prisão de Nonato deve trazer um fechamento — não o completo, porque nada traz de volta quem se foi — mas pelo menos a certeza de que ninguém está acima da lei. Nem mesmo quem jurou cumpri-la.