PF prende desembargador do TRF-RJ por vazamento da Operação Zargun
Desembargador preso por vazar operação da PF

A Polícia Federal (PF) cumpriu, nesta terça-feira (16), um mandado de prisão preventiva contra o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), sediado no Rio de Janeiro. A ordem partiu do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Contexto da prisão e ligação com outras operações

A prisão do magistrado integra a segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de dados sigilosos da Operação Zargun. Esta última, realizada em setembro, resultou na prisão do então deputado estadual conhecido como TH Joias, suspeito de ligações com a facção criminosa Comando Vermelho (CV).

Em decisão de 28 de novembro, no inquérito de número 14.969, o ministro Alexandre de Moraes já havia determinado que o desembargador Macário compartilhasse todos os elementos de convicção relacionados à investigação, que inicialmente tinha o nome de Operação Oricalco – denominação alterada pela PF para evitar vazamentos.

Indícios e conexão com Rodrigo Bacellar

As investigações apontam que Macário teria auxiliado no vazamento de informações que antecederam a ação policial contra TH Joias. Segundo apurações divulgadas pelo jornalista Octávio Guedes, o desembargador estaria com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, em um restaurante no momento em que o parlamentar telefonou para alertar TH Joias sobre a iminência da prisão.

A prisão de Bacellar, ocorrida em 3 de dezembro, foi um ponto crucial. Apesar de ter se recusado a informar a senha de seu celular aos agentes, a PF conseguiu acessar o aparelho. Nele, foram encontradas trocas de mensagens entre Bacellar e o desembargador Macário, que serviram como base para a operação desta terça-feira. Bacellar responde por suspeitas de tráfico, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas com o CV.

Defesa do desembargador e próximos passos

A defesa de Macário Júdice Neto contestou a decisão de Moraes, afirmando que o ministro foi "induzido a erro". Os advogados alegam que não foi disponibilizada cópia da decisão que decretou a prisão, o que, segundo eles, obsta o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. A defesa anunciou que apresentará esclarecimentos nos autos e requererá a imediata soltura do desembargador.

Este novo capítulo reforça o foco das investigações sobre o vazamento de informações sigilosas de operações policiais de alto impacto, um crime que compromete a eficácia do trabalho das forças de segurança e pode colocar vidas em risco.