O delegado Humberto Teófilo, que atua em Aparecida de Goiânia, anunciou publicamente seu afastamento do cargo através das redes sociais na última terça-feira (25). Em um vídeo emocionado, o policial citou questões pessoais como motivo principal da decisão, mas também revelou sofrer nove procedimentos na Corregedoria da Polícia Civil.
Motivações do afastamento
Na gravação divulgada em suas redes sociais, Teófilo não poupou críticas ao sistema, afirmando que "sofre muitas perseguições" no exercício de suas funções. O delegado, conhecido pelo bordão "Flagrante neles", sugeriu que as prisões de pessoas importantes podem ter desencadeado os processos movidos contra ele tanto na Corregedoria quanto no Poder Judiciário.
"Isso faz com que a gente acabe respondendo procedimentos, não só na Corregedoria, como também no Poder Judiciário. Não por culpa da Corregedoria ou do Poder Judiciário, mas por culpa do sistema", declarou o delegado durante a transmissão.
Carreira e controvérsias
Humberto Teófilo, de 41 anos, formou-se em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e atua como delegado desde os 25 anos, conforme dados da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Nas redes sociais, ele se apresenta como "pai, cristão e conservador".
Além da carreira policial, Teófilo também teve passagem pela política. Foi eleito deputado estadual pelo Partido Social Liberal (PSL) em 2018, obtendo mais de 26 mil votos. Em 2022, filiou-se ao Patriota e candidatou-se a deputado federal, alcançando aproximadamente 37 mil votos, mas não conseguiu se eleger devido ao quociente eleitoral.
Conflitos com a OAB
Em junho deste ano, o Conselho Pleno da Ordem dos Advogados de Goiás (OAB-GO) aprovou uma nota de desagravo contra o delegado. A entidade alegou que profissionais da categoria foram alvo de "ações arbitrárias" com exposição midiática excessiva por parte de Teófilo.
Na ocasião, o presidente Rafael Lara destacou que houve desvio de finalidade com intenção de "autopromoção pessoal" por parte do delegado, acusação que ganha novos contornos diante do recente anúncio de afastamento.
O delegado explicou que decidiu comunicar abertamente o afastamento por ser servidor público e lamentou a situação: "Não é fácil, a gente sofre muitas perseguições. E a gente tem que dar um tempo, tem hora, para descansar a mente".
Sem especificar por quanto tempo ficará afastado, Teófilo garantiu que utilizará o período para resolver as questões mencionadas e para dedicar-se à família. A decisão ocorre em um momento delicado de sua carreira, marcada tanto por operações policiais de grande repercussão quanto por controvérsias com instituições do sistema de justiça.