Justiça condena integrantes do PCC após sete anos do assassinato
A Justiça de São Paulo condenou três homens ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) pelo assassinato da policial militar Juliane dos Santos Duarte. As penas, somadas, chegam a quase 60 anos de prisão.
Detalhes do julgamento e condenações
O julgamento popular durou dois dias e terminou na sexta-feira (28) no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista. Todos os condenados já se encontravam presos respondendo pelos crimes.
Os três homens condenados são:
- Everaldo Severino da Silva Félix, conhecido como "Sem Fronteira" - 25 anos de prisão
- Felipe Carlos Santos de Macedo, apelidado de "Pururuca" - 23 anos de prisão
- Felipe Oliveira da Silva, chamado de "Tirulipa" - 9 anos de prisão
Um quarto acusado, Luiz Henrique de Souza Santos ("Tufão"), permanece foragido desde 2018 e ainda não foi julgado.
O crime que chocou São Paulo
A soldado da Polícia Militar foi sequestrada, torturada e morta a tiros em 2018 em Paraisópolis, comunidade da Zona Sul de São Paulo. Juliane tinha apenas 27 anos e estava de folga, sem uniforme, quando desapareceu no dia 2 de agosto daquele ano.
Seu corpo foi localizado quatro dias depois, em 6 de agosto de 2018, dentro de um carro abandonado no bairro Campo Grande, na mesma região. A vítima apresentava marcas de tiros na cabeça e na barriga.
Motivação do assassinato
De acordo com a acusação do Ministério Público, Juliane foi morta por ordens da facção criminosa depois que os integrantes descobriram que ela era PM e estava dentro da comunidade controlada pelo tráfico de drogas.
O crime ocorreu após a policial, que estava em um bar na Rua Melchior Giola, em Paraisópolis, se identificar como soldado da PM. Ela havia ido à comunidade para comemorar o aniversário do filho de um casal de amigos.
Juliane teria se identificado como policial militar depois que um cliente do bar reclamou sobre o sumiço de seu celular. Ela colocou sua arma sobre a mesa e afirmou que ninguém sairia do local até que o aparelho aparecesse.
Esta atitude chamou a atenção de criminosos do PCC que estavam no estabelecimento. Quatro homens encapuzados e armados abordaram a policial, iniciando a sequência de eventos que levou à sua morte.
Investigação e descobertas
O caso foi investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil. Câmeras de segurança gravaram um dos acusados abandonando o veículo onde o corpo foi encontrado, o que auxiliou significativamente na identificação dos envolvidos.
A moto utilizada por Juliane para entrar na comunidade também foi localizada posteriormente pelas autoridades.
Repercussão jurídica
A sentença foi proferida pela juíza Fernanda Perez Jacomini. A acusação foi representada pelas promotoras Luciana André Jordão Dias e Ana Cláudia Budai Arins.
Em declaração, a promotora Ana Cláudia afirmou: "A condenação dos três réus foi justa e necessária. A memória da policial militar Juliane foi honrada e foi uma grande satisfação entregar à sua família e amigos a justiça que eles tanto esperaram".
As advogadas Flávia Magalhães Artilheiro e Tamires Alencar Silva Maciel atuaram como assistentes da acusação, defendendo os interesses da família da policial morta.
A decisão ainda está sujeita a recurso nas instâncias superiores.