Go Care interrompe quimioterapia de pacientes com câncer em Campinas
Plano de saúde interrompe tratamento de câncer em SP

Tratamentos de câncer suspensos: o drama dos pacientes da Go Care em Campinas

Uma situação crítica atinge pacientes oncológicos em Campinas, no interior de São Paulo. Pessoas em tratamento contra o câncer tiveram suas terapias interrompidas abruptamente devido a problemas com o plano de saúde Go Care. O caso mais emblemático é o de Ana Carolina Figueiredo, que enfrenta metástase cerebral e pulmonar após vencer um câncer de mama.

O desespero de quem precisa de tratamento urgente

Ana Carolina realiza tratamento paliativo que inclui sessões de quimioterapia a cada três semanas. A sessão marcada para 10 de novembro foi cancelada sem previsão de remarcação. O Hospital do Coração de Campinas, onde ela era atendida, informou que cancelou todos os atendimentos do convênio Go Care por "desacordo comercial".

"Totalmente sem cobertura. Não tenho médico, não tenho uma resposta para o dia que vou fazer a quimio. Era para eu fazer dia 10. Desde o dia 3 estou procurando uma resposta e eu não consigo", desabafa Ana Carolina.

Mais vítimas do mesmo problema

Gilberto Pereira Costa, de 46 anos, também enfrenta situação similar. Diagnosticado com tumor na próstata em maio de 2025, ele sofre com metástase e realizava tratamento paliativo pela Go Care. Sua esposa, Elizabeth Barbosa Correa, relata: "O tratamento é para ele ter uma melhora de vida. E a médica falou que era fundamental para ele viver mais e viver melhor".

A família recebeu o mesmo aviso do hospital sobre a interrupção do tratamento e, desde então, nem consultas conseguem marcar. "Você fica debilitado, sem fazer nada", afirma Gilberto.

Tumor dobra de tamanho enquanto espera por cirurgia

Talita Liuzzi, farmacêutica, descobriu um câncer de mama em setembro. Na época do diagnóstico, o tumor media dois centímetros. O último laudo médico aponta que ele já dobrou de tamanho, chegando a 4-5 centímetros.

"Descubro agora que eu preciso primeiro fazer uma cirurgia e estou com a guia autorizada, mas não consigo fazer a cirurgia porque eles têm que aprovar um cirurgião plástico que eles não têm e a cirurgia tem que ser simultânea. Eu vou ter que retirar a mama e reconstruir na mesma cirurgia", explica Talita.

Especialista orienta sobre direitos dos pacientes

A advogada Beatriz Taglieta, especialista em direito da saúde, alerta que a suspensão dos tratamentos é "completamente abusiva". Ela explica que, como o hospital já vinha realizando os tratamentos, não poderia suspender arbitrariamente por conta do desacordo comercial com o plano de saúde.

"Tanto o plano de saúde quanto o hospital são responsáveis na continuidade do tratamento e da prestação de serviços médicos para esses beneficiários", afirma a especialista. Ela recomenda que os pacientes procurem a Justiça contra ambas as instituições.

O que dizem as empresas envolvidas?

Em nota enviada à EPTV, o advogado da Go Care afirmou que "em nenhum momento houve cancelamento ou interrupção de pagamentos aos prestadores de serviço" na região de Campinas. A empresa reforçou "o compromisso com cada beneficiário" e disse que "está realizando ajustes em sua rede de atendimento sem qualquer prejuízo ao consumidor".

O Hospital do Coração foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou até a publicação da matéria. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que a operadora tem sido acompanhada de perto devido a graves problemas de natureza econômica e assistencial.

Denúncias podem ser feitas pelo Disque-ANS, no telefone 0800 701 9656.