
Imagine estar preso num tubo de metal a dez mil metros de altura e levar uma surra. Pois é, foi mais ou menos isso que aconteceu com uma mãe e sua filha num voo da GOL – e a Justiça acabou de dar mais um golpe na companhia aérea.
O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação que havia sido dada em primeira instância. A empresa vai ter que pagar uma indenização de R$ 30 mil para as duas vítimas, mais danos morais coletivos que beiram os R$ 5 milhões. Não é pouco, mas será que paga o trauma?
O que diabos aconteceu naquele avião?
A confusão toda começou em pleno voo, entre Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP). Duas passageiras – mãe e filha – foram agredidas verbal e fisicamente por outras duas mulheres. A situação fugiu do controle, a ponto de a pilota ter que desviar a rota e pousar em São José dos Campos para interromper a baderna.
E sabe qual foi a resposta da tripulação? Segundo o processo, foi abaixo do zero. As vítimas relataram que os comissários ficaram parados, assistindo a tudo como se fosse um programa de TV. Nada de intervir, nada de proteger. Uma omissão gritante, que virou o cerne do processo.
A culpa é de quem?
A defesa da GOL tentou argumentar que a responsabilidade era das agressoras, não deles. Mas a Justiça não comprou a ideia. A decisão foi taxativa: a empresa tem o dever contratual de garantir a segurança e a integridade dos passageiros – e falhou redondamente.
"A conduta omissiva da ré foi evidente", disparou o desembargador Carlos Moreira Alves. Ele ainda destacou que a empresa nem sequer prestou socorro adequado depois. Um verdadeiro descaso institucional.
E agora, o que muda?
Além da indenização individual, a GOL terá que implementar treinamentos obrigatórios para toda a tripulação. A ideia é que situações como essa não se repitam – que os comissários saibam como agir diante de conflitos a bordo.
O caso já tinha sido parar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e agora, com essa confirmação, cria um precedente importantíssimo. Empresas aéreas, tomem nota: segurança não é opcional, é obrigação.
E as passageiras? Espera-se que, com o fim judicial, encontrem algum alívio para o constrangimento e o medo que levaram daquele dia. Porque dinheiro ajuda, mas certas marcas a gente carrega pra sempre.