Atraso de ônibus faz candidato perder concurso: empresa é condenada a indenizar
Atraso em ônibus faz candidato perder concurso público

Imagine a cena: você estudou meses, talvez anos, para um concurso público. A vaga dos sonhos está ali, tão perto. Aí o transporte simplesmente te deixa na mão. Foi exatamente isso que aconteceu com um passageiro que teve sua oportunidade profissional arruinada por um atraso absurdo de quatro horas em uma viagem de ônibus.

A empresa Expresso Guanabara — sim, essa mesma que você já deve ter visto pelas estradas — acabou de ser condenada pela Justiça do Rio Grande do Norte a pagar R$ 15 mil por danos morais. O motivo? Deixar um candidato a ver navios, literalmente, do lado de fora da sala de prova.

O dia que tudo desandou

Era 2022 quando nosso protagonista — vamos chamá-lo de João para preservar sua identidade — comprou sua passagem de Campina Grande, na Paraíba, até Natal. O trajeto normalmente leva o que? Umas 3, 4 horas no máximo. Só que dessa vez a viagem se arrastou por incríveis 8 horas. Oito!

Quando João finalmente chegou ao destino, adivinhem? A prova do concurso para a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) já tinha começado há tempos. E pior: os portões estavam fechados. A oportunidade profissional simplesmente evaporou.

A defesa que não se sustentou

A empresa tentou se defender na Justiça alegando, pasmem, que o atraso foi culpa de uma blitz da Polícia Rodoviária Federal. Só que tem um detalhe: não apresentaram nenhuma prova concreta disso. Nada de documento, nenhum registro oficial, zero.

O juiz Rafael de Almeida Gusmão, da 2ª Vara Cível de Natal, foi direto ao ponto: "A alegação genérica não se sustenta". Em outras palavras: sem provas, o discurso cai por terra.

O valor da oportunidade perdida

Os R$ 15 mil podem até parecer pouco para quem perdeu uma chance de mudar de vida — e cá entre nós, concurso público no Brasil hoje em dia é quase como ganhar na loteria. Mas a decisão judicial considerou que o valor era suficiente para compensar o transtorno.

Pensa bem: além do custo da passagem e do estresse da viagem interminável, o cara perdeu meses de preparação. Noites em claro estudando, investimento em material, cursinho... Tudo pelo ralo.

E agora, José?

A empresa ainda pode recorrer — como quase sempre acontece nesses casos. Mas a decisão em primeira instância já manda um recado importante: companhias de transporte têm responsabilidade sim com seus passageiros, especialmente quando o destino envolve compromissos importantes.

E você, já passou por algo parecido? Já perdeu algum compromisso importante por conta de atraso em viagem? A situação é mais comum do que se imagina, mas pouca gente tem coragem — ou conhecimento — de buscar seus direitos na Justiça.

O caso serve de alerta para todas as empresas do setor: o passageiro não é apenas uma 'carga' a ser transportada, mas uma pessoa com compromissos, sonhos e prazos a cumprir. E quando esses planos são frustrados por negligência, a conta — literalmente — chega.