Justiça torna réu homem que confessou estupro e feminicídio de professora em SC
Réu confessa estupro e feminicídio de professora em trilha

A Justiça de Santa Catarina aceitou a denúncia do Ministério Público do estado (MPSC) e tornou réu Giovane Correa Mayer pelos crimes de estupro, feminicídio e ocultação de cadáver da professora Catarina Kasten. O caso, que chocou Florianópolis em novembro do ano passado, avança agora para a fase processual, com o acusado respondendo em liberdade, mas com o processo correndo em sigilo por envolver crime sexual.

Detalhes do crime e da acusação

O promotor João Gonçalves de Souza Neto, da 36ª Promotoria de Justiça da Capital, apresentou a denúncia na última segunda-feira. Giovane Correa Mayer confessou ter estuprado e assassinado Catarina Kasten em uma trilha da praia do Matadeiro, em Florianópolis. A denúncia foi acatada pela Justiça, que incluiu agravantes considerados hediondos.

O réu será processado por feminicídio, crime tipificado no artigo 121-A do Código Penal, caracterizado pelo menosprezo à condição de mulher. A acusação detalha que o assassinato foi cometido mediante asfixia e com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, qualificadoras previstas no artigo 121. Além disso, a ação de arrastar o corpo para um local de difícil acesso para ocultá-lo configura uma agravante.

Ele também responde por estupro, cometido com violência e com a agravante da emboscada, e por ocultação de cadáver.

A tragédia na trilha e a investigação

Catarina Kasten saiu de casa por volta das 7h da manhã do dia 21 de novembro para uma aula de natação, mas não chegou ao destino. Preocupado, seu companheiro acionou a polícia. Por volta das 13h do mesmo dia, turistas encontraram o corpo da professora, sem roupas e com sinais de violência, em uma área de mata fechada e de difícil acesso na trilha.

A Polícia Militar rapidamente iniciou as investigações. Imagens de câmeras de segurança foram cruciais para identificar o suspeito. Um vídeo mostrava um homem escondido atrás de uma barraca no caminho para a trilha. Outra gravação, feita por turistas que estranharam uma "atitude suspeita", registrou o mesmo indivíduo sem camisa saindo de uma área de mata.

Giovane Correa Mayer foi preso ainda no dia do crime e, segundo a polícia, confessou a autoria. Em depoimento, ele teria dito que foi à trilha para usar drogas e se deparou com a vítima. O delegado Pedro Mendes relatou que o acusado deu respostas desconexas, afirmando ter ouvido "um chamado" que o levou a cometer os atos, antes de fugir do local.

Repercussão e luto

Catarina Kasten era professora de inglês e aluna de pós-graduação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A instituição emitiu uma nota lamentando profundamente a morte, expressando indignação e afirmando que "tais ocorrências não podem ser naturalizadas".

A tragédia mobilizou a comunidade. Familiares e amigos da professora realizaram uma manifestação em sua homenagem na Igreja da Armação, local próxima à trilha onde ela foi morta. No ato, além do luto, houve um pedido por mais segurança para as mulheres na cidade.

Como denunciar violência contra a mulher

Em casos de violência, é fundamental denunciar. Para situações em flagrante ou emergenciais, disque 190 (Polícia Militar). O Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) recebe denúncias e oferece orientação, inclusive via WhatsApp no número (61) 99656-5008. Denúncias anônimas também podem ser feitas pelo Disque 100.

Vítimas de violência sexual têm direito a atendimento médico e psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo sem registro de boletim de ocorrência. No entanto, o exame de corpo de delito, que coleta provas importantes para o processo judicial, requer a abertura do BO. É recomendável que seja feito o mais rápido possível.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento em ginecologia para receber medicação preventiva de infecções sexualmente transmissíveis, suporte psicológico e realizar a interrupção legal da gravidez.