Robinho: 1 ano na prisão, luta judicial e vida discreta no cárcere
Robinho: vida na prisão e batalha judicial por liberdade

A queda de um astro: do Real Madrid ao sistema prisional

Em agosto de 2005, Robinho desembarcava na Espanha como a nova sensação do Real Madrid. Vinte anos depois, o mesmo homem percorria 250 quilômetros usando o uniforme do sistema prisional paulista. A viagem melancólica partiu de Tremembé rumo a Limeira, onde o ex-jogador cumpre pena desde março de 2024.

Transferência e vida na prisão

A mudança para o Centro de Ressocialização de Limeira foi solicitada pelo próprio Robinho. O motivo? O presídio anterior havia se tornado assunto popular devido ao sucesso da série "Tremembé" da Prime Video. A nova unidade, construída em 2001, abriga 256 detentos - quase 200 a menos que a anterior.

Robinho busca anonimato, mas sua rotina segue a de qualquer outro preso. Não há registros de problemas comportamentais ou envolvimento em brigas. O ex-atleta mantém o carisma que marcou sua carreira esportiva e convive normalmente com outros detentos.

A estrutura de Limeira inclui alojamentos, oficinas, salas de aula, lavanderia, quadra esportiva, refeitório e uma horta cultivada pelos próprios presos. A unidade é exclusiva para réus primários com penas de até dez anos e sem vínculos com facções criminosas.

A batalha judicial pela liberdade

Enquanto se adapta à nova rotina prisional, Robinho trava uma intensa batalha nos tribunais. Condenado pela Justiça italiana a nove anos de prisão por estupro coletivo ocorrido em 2013 em Milão, o ex-jogador já sofreu três derrotas no Supremo Tribunal Federal.

Seus advogados, do escritório do ex-ministro do TSE José Eduardo de Alckmin, impetraram três habeas corpus sem sucesso. A defesa conseguiu apenas um voto favorável do ministro Gilmar Mendes, mas foi derrotada por dez votos a um.

A estratégia mais recente, apresentada em novembro de 2025, pede a retirada do rótulo de crime hediondo. Na Itália, o crime é considerado comum, o que permitiria a progressão de regime ainda em 2025 - atualmente, só seria possível em 2027. A Procuradoria-Geral da República já se manifestou contra, cabendo agora ao relator Luiz Fux a decisão final.

Rotineira prisional e projetos futuros

Robinho não trabalha na prisão, mas participa ativamente de cursos que já lhe renderam a redução de 69 dias na pena. Recebe visitas semanais da esposa, Vivian Guglielmetti, e dos três filhos. Seu filho mais velho, de 17 anos, já atua no time principal do Santos com o nome Robinho Jr.

O ex-atleta fez amizades incomuns no cárcere, incluindo o hacker Walter Delgatti Neto e o empresário Thiago Brennand, também condenado por crimes sexuais. Delgatti chegou a anunciar que os dois sonham em montar juntos um site de apostas após o cumprimento das penas.

Em sua única declaração pública desde a prisão, Robinho negou ter privilégios: "Não sou tratado diferente porque fui jogador de futebol", afirmou em vídeo publicado pelo Conselho da Comunidade de Taubaté. O ex-atleta também rejeitou ter problemas psicológicos: "Nunca tive que tomar remédio. Apesar da dificuldade que é estar em uma penitenciária, sempre tive a cabeça boa".

Robinho expressou desconforto com a exposição midiática e sonha em ser visto saindo da prisão pela porta da frente, após cumprir integralmente sua pena. Seu caso se tornou um exemplo do princípio de que ninguém está acima da lei, independentemente de seu status social ou passado glorioso no futebol.