Um sargento da Polícia Militar foi condenado a 20 anos de prisão pela morte da universitária Zaira Cruz, ocorrida durante o Carnaval de Caicó, em 2019. A decisão do Tribunal do Júri foi proclamada por volta das 0h30 desta quinta-feira (4), após três dias de julgamento no Fórum Miguel Seabra Fagundes, em Natal.
Detalhes da condenação e do crime
Pedro Inácio Araújo de Maria recebeu uma pena total de 20 anos, sendo 14 anos pelo crime de homicídio e mais 6 anos por estupro. O julgamento, presidido pelo juiz Valter Flor, da 2ª Vara Criminal de Natal, começou na segunda-feira (1º) e teve seu desfecho na madrugada de quinta, após os debates entre acusação e defesa e a votação dos jurados.
A vítima, Zaira Cruz, de 21 anos, natural de Currais Novos, foi encontrada morta dentro de um carro em Caicó no dia 2 de março de 2019. As investigações apontaram que ela foi vítima de estupro duas vezes e morreu por estrangulamento. Zaira cursava Engenharia Química na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), em Mossoró.
O desenrolar do julgamento
Esta foi a segunda tentativa de realização do Júri Popular neste caso. A primeira sessão, iniciada em junho, foi cancelada após os advogados de defesa abandonarem o plenário, alegando cerceamento. Desta vez, o processo foi transferido de Caicó para Natal a pedido da defesa, devido à grande repercussão do crime na região do Seridó.
O julgamento acelerou após a dispensa de 11 testemunhas, previstas inicialmente. O réu, que negou os crimes desde o início das investigações, foi interrogado na tarde de quarta-feira (3), em sessão que durou cerca de três horas. O Ministério Público sustentou que Pedro Inácio foi o autor do crime, enquanto a defesa alegou que a morte da jovem ocorreu por causas naturais.
Contexto do caso e prisão
Segundo as investigações da Polícia Civil, o sargento estava na mesma casa alugada por Zaira e amigos para o Carnaval. O próprio acusado teria acionado a polícia. Em sua versão, ele afirmou ter tido relação sexual com a vítima dentro do carro antes de chegarem ao local, e que ela "apagou". Ele disse tê-la deixado dormindo no veículo e, ao amanhecer, a encontrou sem vida.
A polícia, contudo, entendeu que a jovem já chegou morta ao condomínio. Pedro Inácio, que era lotado no Fórum de Currais Novos, foi preso poucos dias após a ocorrência do crime e permaneceu aguardando julgamento desde então.