Caso de adoção irregular mobiliza Goiânia
Um recém-nascido de apenas 17 dias tornou-se o centro de uma investigação policial em Goiânia após denúncias de adoção irregular. A mãe biológica, que prefere manter sua identidade preservada, luta judicialmente para recuperar a guarda do filho e clama por justiça.
Versões conflitantes sobre o caso
De acordo com a advogada da mãe, Kesia Oliveira, não houve qualquer intenção de venda da criança. "Jamais teve a hipótese de venda da criança", afirmou a defensora em entrevista. Os valores transferidos pelo casal que ficou com a guarda do bebê seriam destinados exclusivamente para cobrir despesas médicas, incluindo consultas, exames e o parto em hospital particular.
A mãe biológica revelou à TV Anhanguera o sofrimento de estar separada do filho: "Estou aqui só como mãe, e eu quero justiça e o meu filho de volta". Ela espera que a situação seja resolvida rapidamente para que possa reunir-se com o recém-nascido.
Investigação em andamento
O conselheiro tutelar Rondinelly Ná confirmou que o bebê foi resgatado pelo Conselho Tutelar e atualmente permanece em um abrigo enquanto as investigações da Polícia Civil seguem seu curso. O caso chegou ao conhecimento das autoridades após o próprio casal registrar um boletim de ocorrência quando a mãe biológica manifestou arrependimento pela entrega da criança.
As investigações apontam que as duas mulheres envolvidas no caso apresentaram uma procuração que lhes conferia "poderes totais" sobre o bebê. Entretanto, conforme explicou o conselheiro, apenas decisão judicial pode conceder legalmente guarda, tutela ou curatela de uma criança.
Possível crime de "adoção dirigida"
Rondinelly Ná alertou que a forma como a adoção foi conduzida pode caracterizar o crime de "adoção dirigida" no Brasil. A ajuda financeira oferecida durante a gestação, embora apresentada como auxílio para despesas médicas, pode configurar irregularidade perante a lei.
O conselheiro também relatou que a mãe biológica, após entregar a criança, teria se arrependido e ameaçado denunciar o casal por sequestro, registrando posteriormente um boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e do Adolescente (DPCA) de Goiânia.
Enquanto a Polícia Civil ouve todos os envolvidos e a mãe biológica luta pela volta do filho, o bebê de 17 dias permanece sob os cuidados do abrigo, aguardando uma definição judicial que garanta seu melhor interesse e bem-estar.