
Pois é, pessoal. Mais um daqueles casos que faz a gente pensar: até onde vai o direito de criticar e onde começa o abuso? A digital influencer Luísa Perisse acabou de descobrir, da pior maneira possível, que as palavras — principalmente quando digitadas na internet — têm peso. E, no caso dela, um peso que custou R$ 5 mil.
Numa daquelas corridas de Uber que todo mundo já pegou — um trajeto comum, nem muito longo, nem muito curto —, algo saiu errado. A influencer, conhecida por seu humor ácido nas redes, não gostou do serviço. E, em vez de resolver numa conversa direta, partiu para a avaliação negativa no aplicativo. Mas não parou por aí. Os comentários extrapolaram a mera insatisfação e mergulharam no terreno do desrespeito.
O motorista, é claro, não ficou quieto. Quem ficaria? Imagine ganhar a vida dirigindo, sendo avaliado publicamente a cada corrida, e de repente se deparar com críticas que beiram — ou ultrapassam — a ofensa. Ele moveu uma ação judicial alegando danos morais. E a Justiça, depois de analisar o caso, deu razão a ele.
A decisão, assinada pela juíza Daniela de Souza e Silva, da 2ª Vara Cível de São Gonçalo, foi clara: Luísa terá que pagar R$ 5 mil ao motorista. O valor, embora não seja exorbitante, serve como um lembrete potente. A magistrada destacou que a liberdade de expressão, ainda que um direito fundamental, não é absoluta. Ela esbarra no direito à honra e à imagem do outro. E, nas palavras da juíza, a conduta da influencer foi "desproporcional e agressiva".
O que chama atenção aqui — e isso é crucial — é o tom dos comentários. Não foi só um "não gostei" ou "o carro estava sujo". Havia, segundo os autos, um excesso verbal, um ataque que ultrapassou a crítica justa. A defesa de Luísa tentou argumentar que se tratava apenas de uma opinião. A Justiça, no entanto, viu intenção de depreciar, de diminuir a reputação do profissional publicamente.
E não é de hoje que a gente vê esse tipo de conflito pipocando por aí, né? Com a popularidade dos aplicativos, a relação entre prestador de serviço e cliente ganhou uma camada pública e permanente através das avaliações. É um sistema útil, sem dúvida — ninguém quer pegar um carro imundo ou com um motorista rude —, mas que pode virar uma arma se usado com má-fé.
O caso dela serve como um alerta para todos nós, que vivemos opinando na internet. Atrás de cada perfil, de cada profissional avaliado, existe uma pessoa real. E essa pessoa tem sentimentos, dignidade e — pasmem — meios legais para se defender.
No fim das contas, a história é simples: Luísa Perisse deu uma opinião. O motorista não gostou. A Justiça entendeu que ela passou do ponto. Agora, vai pagar por isso. Literalmente. E o que era para ser apenas mais uma corrida de Uber virou um precedente judicial sobre como nos comportamos — e como devemos nos comportar — no mundo digital.