
Numa análise que corta como faca, o chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) jogou luz sobre um problema que muitos preferem ignorar. A violência — essa velha conhecida dos latino-americanos — não está só matando pessoas. Está estrangulando o futuro econômico de nações inteiras.
"Quando um empresário pensa duas vezes antes de abrir um negócio porque o custo da segurança é proibitivo, todos perdemos", disparou o presidente, com aquele tom de quem já viu demais. Os números? Assustadores. Alguns países gastam até 3% do PIB só para conter a criminalidade — dinheiro que poderia estar construindo escolas ou hospitais.
O círculo vicioso da insegurança
Eis como a coisa funciona (ou melhor, não funciona):
- Violência aumenta → investidores fogem
- Empregos desaparecem → pobreza cresce
- Desespero alimenta mais violência... e o ciclo se repete
Não é exagero dizer que estamos diante de um apartheid econômico, onde os mais pobres pagam o preço mais alto — tanto em vidas quanto em oportunidades perdidas.
Casos que doem
No México, o turismo em certas áreas caiu pela metade depois que os cartéis intensificaram suas atividades. Na América Central, fábricas fecham as portas porque os caminhões são assaltados antes mesmo de chegar ao destino. E aqui no Brasil? Bem, todo mundo conhece algum comerciante que já pagou "taxa de proteção".
"Precisamos parar de tratar segurança como despesa e passar a vê-la como investimento", defende o presidente do BID, com a paciência de quem repete a mesma mensagem há anos. A receita, segundo ele, passa por:
- Políticas públicas inteligentes (nada daquela velha abordagem "dura" que nunca funciona)
- Cooperação entre países — porque o crime não respeita fronteiras
- Inclusão social real, não só no papel
Difícil? Sem dúvida. Mas o custo de não agir — esse sim assusta qualquer economista.