Um caso de morte sob investigação choca a cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Wildson Cardoso Felipini, de 30 anos, foi encontrado sem vida dentro de uma clínica de reabilitação no último fim de semana, e as causas do óbito, inicialmente informadas como um infarto, agora são contestadas por um laudo que aponta lesões graves na cabeça.
Laudo do IML revela traumatismo craniano severo
A declaração de óbito emitida pelo Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto, obtida pela EPTV, afiliada da TV Globo, traz informações alarmantes. O documento aponta que a morte de Felipini foi causada por fratura da base do crânio e traumatismo cranioencefálico. Além disso, o paciente sofreu uma hemorragia subaracnoidea, um tipo grave de sangramento cerebral súbito, e também teve edema pulmonar.
Para a família, essas informações reforçam a suspeita de que Wildson foi vítima de agressões dentro da instituição. O irmão da vítima, Edmilson Felipini Júnior, descreveu o estado do corpo no reconhecimento. "Aqui [mostrando a testa e os olhos] tudo roxo, parecendo que bateram na cabeça dele com pedaço de pau. O nariz para cima, todo cheio de algodão", relatou ele, destacando os sinais evidentes de violência.
Família contesta versão da clínica e relata gritos
Segundo o boletim de ocorrência, um funcionário da clínica encontrou Wildson morto por volta das 4 horas da manhã do sábado, dia 27 de dezembro. A família afirma que a primeira informação recebida foi de que ele teria sofrido uma parada cardíaca.
No entanto, os parentes contestam essa versão. Eles alegam que pessoas que trabalham nas proximidades do local relataram ter ouvido gritos vindos de dentro da clínica durante o fim de semana. Além disso, a família cita que um dos responsáveis pelo centro de reabilitação teria confirmado, em uma troca de mensagens, que Wildson foi espancado e morto por outro interno.
O caso é investigado como morte suspeita pelo 8º Distrito Policial de Ribeirão Preto. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que aguarda a conclusão dos laudos periciais para prosseguir com as investigações.
Clínica tem licença e família tentou invadir o local
Procurado, o Instituto Terapêutico Redentor, nome da clínica localizada na Rua João Bim, no Jardim Paulistano, informou que tentou prestar os primeiros socorros sem sucesso e acionou a polícia. A instituição também relatou que, após o ocorrido, familiares tentaram invadir o local, necessitando da intervenção policial.
A Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto afirmou que a clínica possui licença para funcionar e que, até a última terça-feira, não tinha registros de outras ocorrências contra a instituição. A pasta disse que mais informações estão sendo levantadas pelas autoridades.
Wildson, que lutava contra a dependência química, havia sido internado na clínica no dia de Natal, 25 de dezembro. A família pagava R$ 2 mil por mês pelo tratamento. Dois dias depois, receberam a notícia de sua morte. O caso expõe questões graves sobre segurança e supervisão em estabelecimentos de saúde, enquanto a polícia trabalha para esclarecer as circunstâncias exatas da tragédia.