Uma tragédia de grandes proporções abalou o sistema prisional paulista nesta terça-feira (25), quando um violento incêndio na Penitenciária de Marília resultou em sete detentos mortos e outros treze feridos, incluindo agentes penitenciários. O fato ocorreu no período da tarde e mobilizou múltiplas equipes de emergência na cidade do interior de São Paulo.
Como ocorreu a tragédia no presídio
Segundo informações oficiais da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), o fogo teve início no setor de inclusão da unidade prisional. As chamas começaram depois que um preso ateou fogo em seus pertences pessoais dentro da cela, em um ato cujas motivações ainda permanecem sob investigação.
O fogo rapidamente se alastrou, gerando uma densa nuvem de fumaça tóxica que se espalhou pelos corredores da penitenciária. A inalação dos gases provenientes da combustão foi a causa determinante das mortes, conforme confirmado pelas autoridades.
Vítimas e atendimento médico
As vítimas fatais foram identificadas como:
- Doildo Diego Pires - 35 anos
- Wallace Ferreira Dos Reis - 22 anos
- Charles Andrey Souto Silva - 44 anos
- Wender Felipe Maciel - 25 anos
- Matheus Gregorio Da Silva - 22 anos
- Caio Vinicius Oliveira - 33 anos
- Thiago Nascimento De Oliveira - 25 anos
Os feridos foram distribuídos entre várias unidades de saúde da região. O Hospital das Clínicas recebeu quatro pacientes, sendo duas vítimas fatais e dois em estado grave. A Santa Casa atendeu três pacientes, todos em condição grave e necessitando de intubação.
As UPAs Norte e Sul acolheram casos considerados leves e moderados, totalizando oito atendimentos. No local do incêndio, cinco mortes já foram confirmadas antes mesmo da remoção dos corpos.
Resposta das autoridades e críticas estruturais
O combate às chamas iniciou-se com os próprios policiais penais da unidade, que agiram rapidamente até a chegada do Corpo de Bombeiros e do SAMU. Equipes especializadas do Baep e da Força Tática prestaram apoio fundamental na operação de resgate e evacuação dos feridos.
O Hospital das Clínicas da Famema ativou imediatamente seu Plano de Contingência para absorver a demanda adicional sem prejudicar o atendimento regular à população. A prefeitura municipal reforçou as equipes médicas e distribuiu os pacientes entre as diferentes unidades de urgência e emergência.
Em entrevista ao g1, Luciano Carneiro, diretor regional do Sindicato dos Policiais Penais de São Paulo, alertou para os problemas estruturais do presídio. "O prédio da unidade é muito antigo e com diversos problemas estruturais", afirmou o representante, destacando ainda os esforços heroicos dos servidores durante o resgate.
O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo emitiu nota em seu site criticando a superlotação da unidade e a falta de contratação de policiais penais, condições que comprometem os procedimentos de segurança e aumentam os riscos para presos e servidores.
Investigações em andamento
A Secretaria da Administração Penitenciária confirmou que instaurou procedimento para apurar minuciosamente as circunstâncias do incêndio. A pasta informou também que mantém contato com as famílias das vítimas para prestar todos os esclarecimentos necessários.
Entre os principais pontos que ainda precisam ser esclarecidos estão: o que motivou o detento a iniciar o fogo, se houve falhas estruturais ou operacionais que facilitaram a propagação da fumaça tóxica, e quais serão as conclusões do procedimento investigativo instaurado pela SAP.
A Prefeitura de Marília emitiu nota informando que foi acionada imediatamente após a ocorrência e acompanhou de perto toda a operação de atendimento às vítimas, garantindo suporte contínuo durante todo o processo de transferência dos detentos e funcionários para as unidades de referência.