Um caso que mistura violência e descaso com a dignidade humana chocou a população de Tocantinópolis, no interior do Tocantins. O corpo de um jovem, que apresentava perfurações na nuca, foi encontrado abandonado no gramado do cemitério da cidade. A situação, segundo apurações, está diretamente ligada à falta de estrutura no Instituto Médico Legal local.
Descoberta no rio e resgate
A tragédia começou a ser desvendada na quinta-feira, dia 18 de abril. Moradores do povoado Bela Vista, no município vizinho de São Miguel do Tocantins, avistaram um corpo sendo arrastado pela correnteza do Rio Tocantins. Imediatamente, acionaram a Polícia Militar.
Com o apoio da Defesa Civil, o corpo foi retirado das águas e levado para a margem. A vítima foi identificada como Fernando Costa Roxo, de apenas 20 anos.
Violência e abandono
Durante os primeiros exames, uma informação alarmante veio à tona. Os militares constataram que a vítima tinha duas perfurações na região da nuca, com características que sugerem terem sido causadas por disparos de arma de fogo. Além disso, o Instituto Médico Legal (IML) informou que os braços de Fernando estavam amarrados com uma corda, indicando um crime violento.
Contudo, o desrespeito não parou por aí. Na sexta-feira, 19 de abril, o corpo do jovem foi flagrado por moradores largado sobre o gramado do cemitério de Tocantinópolis. Imagens compartilhadas com a TV Anhanguera pela página Rede Bico TV mostram o corpo envolto em um saco no local.
Falta de estrutura e investigações
A justificativa para esse ato de abandono, conforme apurado, é a falta de um necrotério adequado no IML da cidade. O local não teria condições de receber e preservar corpos em estado avançado de decomposição.
Questionada pelo g1 na segunda-feira, 22 de abril, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) se limitou a afirmar que não divulgaria mais informações sobre o caso. No entanto, em nota oficial, a pasta lamentou o episódio e se solidarizou com a família da vítima.
A SSP determinou que a Corregedoria da pasta investigue as circunstâncias que levaram ao abandono do corpo no cemitério. Paralelamente, a secretaria informou que fará uma análise detalhada da estrutura do prédio do IML para identificar os investimentos necessários e evitar que situações semelhantes se repitam.
O caso expõe uma grave deficiência na infraestrutura pública da região e levanta questões sobre o tratamento dado às vítimas de crimes violentos, mesmo após a morte.
