
Imagine a cena mais banal possível: uma tarde qualquer, o barulho monótono da máquina de cortar cabelo, o cheiro familiar de loção pós-barba. Era assim, absolutamente normal, até que não foi. Nesta terça-feira (20), por volta das 15h, a rotina pacata do Bairro São Joaquim, na Zona Norte de Teresina, foi estilhaçada por rajadas de violência.
Dentro da barbearia, um cenário de horror que mais parece roteiro de filme policial. Dois homens – o profissional dos cortes, Valdemir Alves, de 42 anos, e seu cliente, identificado apenas como 'Neto' – foram surpreendidos por um ou mais criminosos. E não houve chance de defesa. Os atiradores, frios e calculistas, efetuaram vários disparos à queima-roupa. A precisão foi mortal.
Quando a Polícia Militar chegou ao local, atraída pelos relatos aterrorizados de moradores, já era tarde demais. Os corpos dos dois homens jaziam no chão, vitimados pelos tiros. A cena, segundo os primeiros relatos, era de puro caos. E o silêncio dos assassinos? Assustador. Nenhuma palavra foi dita, nenhum assalto tentado. A motivação, essa, é a grande interrogação que paira sobre o caso.
Os peritos do Instituto Médico Legal (IML) trabalharam sob um sol inclemente para remover os corpos. A sensação na vizinhança? Uma mistura pesada de medo, incredulidade e uma raiva surda. Como algo assim pode acontecer em plena luz do dia, num lugar tão comum? A pergunta ecoa pelas ruas, sem resposta.
O Major PM Alcebíades, da 1ª Companhia do 1º Batalhão, confirmou os detalhes macabros à imprensa. A operação para tentar capturar os responsáveis está a todo vapor, com patrulhas intensificadas e buscas na região. Mas a verdade é que, até agora, os autores desse duplo homicídio – um daqueles crimes que parece não fazer o menor sentido – continuam fantasmagoricamente livres, sumidos no ar.
O que se sabe é pouco, muito pouco. A principal linha investigativa, claro, aponta para uma execução. Algo premeditado, com alvo certo. Mas quem seria o alvo? O barbeiro? O cliente? Os dois? E o porquê? São mistérios que a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) terá que desvendar. Enquanto isso, uma comunidade fica refém do temor, lembrada de forma brutal e irrevocável de como a violência pode bater à porta, literalmente, a qualquer instante.