O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, está contestando publicamente os resultados da auditoria interna do clube que o apontou como responsável pela retirada de 131 itens de materiais esportivos da Nike. Em entrevista exclusiva com documentação comprobatória, Mendonça classifica os números como "inflados" e com "erros grosseiros".
Discrepância nos números
Segundo a versão do dirigente, apenas 47 itens foram realmente retirados por solicitação direta sua, todos destinados a uso institucional, viagens oficiais ou pedidos da presidência e diretoria. "Tudo que eu retirei tem minha assinatura física. Não existe nada sem meu aval direto", afirmou Mendonça em entrevista.
O vice-presidente detalhou que 62 itens listados como retiradas eram, na verdade, transferências internas do CT Joaquim Grava para o Parque São Jorge. Outros 22 materiais teriam sido retirados por terceiros, incluindo funcionários da Secretaria da Presidência, mas foram indevidamente atribuídos ao seu nome no relatório final.
Questionamentos sobre a auditoria
Entre as irregularidades apontadas por Armando Mendonça está a inclusão de Luiz Fernando Monteiro de Moraes como um dos auditores responsáveis pelo relatório. No entanto, em e-mail datado de 7 de dezembro, o funcionário nega ter participado da auditoria, afirmando que esteve apenas em uma reunião prévia e não tinha conhecimento do conteúdo final do documento.
"Isso demonstra a fragilidade do relatório. Como alguém é listado como auditor sem ter auditado nada?", questionou o vice-presidente corintiano.
Representante da Nike nega episódio
Outro ponto contestado refere-se a um suposto constrangimento que Mendonça teria causado ao diretor de tecnologia Marcelo Munhoes durante reunião com Ricardo Garrote, representante da Nike no Brasil. Segundo o dirigente, em ligação telefônica feita na presença do presidente Osmar Stábile, Garrote negou que o episódio tenha ocorrido.
"A auditoria colocou algo que simplesmente não existiu. Isso precisa ser revisto", declarou Mendonça.
Problemas estruturais no controle
Por fim, o vice-presidente argumentou que os problemas no controle de materiais são históricos no clube, vindos de gestões anteriores. Ele revelou que já havia levado irregularidades ao conhecimento do Conselho de Orientação (Cori) em 2024, mencionando falhas no lançamento de notas fiscais e ausência de rastreabilidade no estoque do CT na gestão passada.
Segundo Mendonça, a atual administração está trabalhando para corrigir essas deficiências estruturais.
Enquanto isso, a auditoria interna segue em análise pelo Conselho Deliberativo do Corinthians, e o inquérito policial na Delegacia de Repressão aos Delitos do Esporte (DRADE) continua investigando possíveis desvios de materiais e responsabilidades individuais no caso que foi revelado pelo UOL em setembro e motivou a abertura de investigação por furto qualificado.