Vereador exibe R$ 100 mil em plenário ao denunciar compra de voto em Mercês
Vereador denuncia compra de voto com R$ 100 mil em Mercês

Uma sessão da Câmara Municipal de Mercês, na Zona da Mata de Minas Gerais, foi palco de uma denúncia grave de corrupção ao vivo. O vereador Marcelio Estevam Teixeira, conhecido como Marcelo Moto Som (Mobiliza), apresentou durante a votação uma bolsa com R$ 100 mil em dinheiro, alegando ter recebido a quantia para vender seu voto na eleição da Mesa Diretora da Casa.

Denúncia ao vivo e apreensão do dinheiro

A cena, registrada pela gravação oficial da Câmara e divulgada em redes sociais, ocorreu na terça-feira (2), durante a votação que definiria a presidência da Casa para o biênio 2026. Marcelio afirmou que recebeu o valor de um empresário e dono de posto de combustíveis da cidade, Calixto Domingos Neto, para votar no candidato José Ivanio de Oliveira (PSD).

Imediatamente após a denúncia, a Polícia Militar foi acionada pela atual presidente da Câmara, Rosimeire das Merces Costa (Avante), e apreendeu a quantia. A Polícia Civil de Mercês, sob o comando do delegado Arthur Simões, abriu inquérito para apurar o caso. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também determinou o envio de ofício requisitando a abertura de investigação por possível crime de corrupção.

Contexto político de alta tensão

A eleição da Mesa Diretora em Mercês carregava um peso político extraordinário. O novo presidente da Câmara também está cotado para assumir interinamente o cargo de prefeito municipal. Isso porque o prefeito eleito nas urnas em 2024, Donizete Calixto (Mobiliza), não pôde tomar posse devido a uma candidatura indeferida, com recurso ainda pendente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo o boletim de ocorrência, o vereador Marcelio relatou que, aproximadamente dois meses antes da votação, vinha "sendo procurado e assediado" pelo empresário Calixto e outras pessoas para direcionar seu voto. Ele afirmou possuir vídeos e áudios como prova da entrega do dinheiro. O objetivo do suposto esquema, de acordo com a denúncia, seria beneficiar um grupo específico para assumir a Prefeitura, caso o prefeito eleito não reverta sua situação jurídica.

O empresário Calixto Domingos Neto é irmão do prefeito eleito impedido e teria permanecido no plenário durante a votação, saindo logo após a denúncia ser feita. Ele é proprietário de um posto de combustíveis que fornece para a Prefeitura.

Desdobramentos e resultado da votação

Apesar do tumulto, a votação seguiu adiante. Foram eleitos José Elizio Ribeiro Coelho (PSD) para presidente e o próprio Marcelio Estevam Teixeira para vice-presidente da Câmara. Eles assumirão os cargos em 1º de janeiro de 2026. Caso a situação do prefeito Donizete Calixto não se resolva até lá, José Elizio se tornará prefeito interino, e Marcelio assumirá a presidência do Legislativo.

A defesa do vereador Marcelio, através da advogada Leury Oliveira, informou que o caso foi registrado na PM para as devidas investigações. Tentativas de contato com o empresário Calixto Domingos Neto não obtiveram sucesso, sendo informado que ele não se pronunciaria.

Enquanto isso, o processo do prefeito eleito Donizete Calixto no TSE teve o julgamento interrompido no fim de novembro, após pedido de vista do ministro André Mendonça, e só deve ser retomado no próximo ano. O caso de compra de voto segue sob as lentes da Polícia Civil e do Ministério Público, prometendo novos capítulos na política de Mercês.