Vereador é contido após avançar contra colega em sessão no RS; acusação de violência política de gênero
Vereador avança contra colega em sessão no RS; acusação de violência

Um incidente grave interrompeu os trabalhos da Câmara Municipal de Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, na sessão plenária da última terça-feira, 2 de dezembro. O vereador Tony Oliveira (Podemos) precisou ser contido por funcionários da Casa após avançar em direção à vereadora Helen Cabral (PT) durante uma acalorada discussão. O tumulto ocorreu em meio ao debate sobre o parcelamento do 13º salário dos servidores públicos municipais.

Confronto no plenário e acusações graves

A parlamentar Helen Cabral acusa o colega de ter cometido violência política de gênero. Em nota oficial, ela descreveu o episódio como uma "clara tentativa de intimidação" enquanto defendia os direitos dos servidores. "A parlamentar foi atacada pelo vereador Tony Oliveira, da base do governo, que, aos gritos, abandonou o debate democrático e partiu pra cima de forma violenta", diz o comunicado.

Helen Cabral afirmou que sofreu o "mais grave ato de violência política de gênero" já vivido por ela dentro da Câmara. Para a vereadora, a agressão não teria ocorrido por divergência ideológica, mas por ser uma mulher ocupando um espaço de poder. Diante do ocorrido, o presidente da Casa suspendeu temporariamente os trabalhos.

Ainda no plenário, a vereadora cobrou providências da Mesa Diretora e informou que já havia registrado um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher. O momento do avanço do vereador foi gravado por pessoas presentes, mas a transmissão oficial da sessão foi interrompida antes do incidente, não registrando as imagens.

Versões conflitantes sobre o ocorrido

Em resposta, o vereador Tony Oliveira também se manifestou por meio de nota. Ele pediu desculpas pelo "momento de exaltação", mas negou veementemente qualquer tipo de agressão, física ou verbal, contra a colega. "Sou uma pessoa de temperamento firme [...] e acabei me alterando diante de provocações, insultos e inverdades", declarou.

Segundo a versão de Oliveira, a discussão inicial era com outro vereador, Tubias Calil (PL), sobre uma quebra de quórum na sessão anterior. Ele alega que, ao perceber que Helen Cabral estava filmando a discussão, aproximou-se e disse apenas: "Filma, Helen! Filma!". O parlamentar afirma que quem partiu para a agressividade foi uma assessora da vereadora, que teria proferido ofensas.

"Não agredi a vereadora Helen, nem física, nem verbalmente. Qualquer afirmação nesse sentido é falsa", reforçou Tony Oliveira, finalizando a nota dizendo ter "absoluto respeito por todas as mulheres".

Contexto e próximos passos

O episódio ganha contornos ainda mais simbólicos por ocorrer durante a 5ª Semana Municipal de Não Violência Contra a Mulher, lei de autoria da própria vereadora Helen Cabral. A parlamentar participa também do Festival MEL — Movimento Mulheres em Luta, que neste ano discute justamente a violência política de gênero.

Enquanto a vereadora do PT afirma que todas as medidas legais e institucionais estão sendo tomadas para responsabilizar o suposto agressor, o vereador do Podemos ameaça tomar medidas contra o que chama de "distorção dos fatos" e "calúnias". O caso promete ecoar além dos corredores do legislativo municipal de Santa Maria, alimentando o debate nacional sobre assédio e violência contra mulheres na política.