CPI aberta para investigar vereador de Urutaí por suspeita de estupro de estagiária
Urutaí abre CPI para investigar vereador por estupro

A Câmara Municipal de Urutaí, cidade localizada no sudeste do estado de Goiás, deu um passo decisivo ao abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O objetivo da comissão é investigar administrativamente o vereador Éder Alberto Jorge Pimenta, que atua sem partido, devido a uma grave acusação de estupro contra uma estagiária da casa legislativa.

Unanimidade no requerimento e primeiros passos da investigação

Conforme revelado pelo vereador Lindomar Veloso, do Podemos, o pedido para abertura da CPI recebeu o apoio de todos os demais parlamentares, sendo assinado por unanimidade. Até o momento, a defesa do vereador Éder Pimenta não se manifestou publicamente sobre as acusações.

A comissão terá a tarefa de ouvir tanto o vereador acusado quanto a vítima, além de reunir todas as evidências e informações pertinentes ao caso. Lindomar Veloso destacou um agravante: o uso indevido do nome da Câmara. Segundo ele, Éder Pimenta teria se deslocado até a cidade de Pires do Rio com a estagiária, alegando atividades oficiais, quando na realidade não havia nenhum compromisso municipal previsto naquela localidade.

As possíveis consequências e o andamento do processo

O vereador Lindomar Veloso foi enfático ao explicar as repercussões possíveis. Caso a CPI confirme a veracidade dos fatos, Éder Pimenta estará sujeito a medidas administrativas severas, que podem culminar na cassação de seu mandato. O processo segue um rito definido: ao final dos trabalhos, a comissão produzirá um relatório com um parecer. Este documento será lido em sessão plenária antes de ser submetido à votação dos vereadores.

"E aí a questão da CPI: comprovados os fatos, a gente vai tomar as devidas providências aqui no administrativo. Isso então pode gerar até cassação de mandato, porque usou o nome da instituição para cometer um crime", afirmou Veloso. O relatório final também será encaminhado ao Ministério Público (MP), para as devidas providências no âmbito criminal.

Em um movimento que chamou a atenção, no dia 3 de dezembro, Éder Pimenta protocolou um atestado médico com validade de 14 dias e não compareceu mais às sessões da Câmara desde então.

O relato detalhado da vítima

A estagiária, uma jovem de 25 anos que trabalha no setor de marketing da Câmara de Urutaí, deu seu depoimento à TV Anhanguera. Ela contou que acreditava estar embarcando em uma viagem de trabalho para Pires do Rio, com o objetivo de realizar um ensaio fotográfico. A realidade, no entanto, foi completamente diferente.

"Ele me levou para um motel. Aí ele falou pra mim descer e entrar para o quarto, que a gente só ia conversar. Aí eu ainda questionei ele: O que a gente está fazendo aqui? A gente não ia trabalhar, tirar fotos?", relatou a jovem.

Dentro do quarto, a situação se agravou. O vereador a instruiu a sentar na cama e começou a passar as mãos pelo seu corpo contra a sua vontade. A vítima, em um ato de presença de espírito, conseguiu realizar uma gravação de áudio dentro do ambiente e a enviou para as autoridades policiais, fornecendo uma prova crucial para a investigação.

Ela descreveu ainda ter tentado se defender, empurrando o suspeito, mas não teve força suficiente. Em determinado momento, ele a segurou pelo pescoço. "Eu ficava falando pra ele que eu não queria isso, que eu não queria, que eu estava lá só pra fazer o trabalho de marketing, porque é algo que eu gosto e que eu sempre trabalhei", desabafou a estagiária.

A instauração da CPI marca um capítulo sério na apuração deste caso, que envolve abuso de poder, violência contra a mulher e a responsabilidade de um agente público perante a instituição que representa. A sociedade de Urutaí e a opinião pública aguardam o desfecho das investigações.