O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado a 16 anos, um mês e 15 dias de prisão por envolvimento na tentativa de golpe de Estado, recebeu mais de R$ 335 mil da Câmara dos Deputados desde setembro, período em que estaria foragido nos Estados Unidos.
Pagamentos mantidos durante fuga
De acordo com os dados mais recentes divulgados pela Câmara, Ramagem recebeu R$ 335.711,11 entre setembro e novembro de 2025, mesmo estando fora do país e sendo investigado pela Polícia Federal por possível saída clandestina do território nacional.
Os valores foram distribuídos da seguinte forma:
- R$ 34.628,49 em salário líquido referente a setembro
- R$ 133.111,00 em verba de gabinete em setembro
- R$ 133.137,01 em verba de gabinete em outubro
- R$ 13.756,00 em cota parlamentar em setembro
- R$ 20.848,29 em cota parlamentar em outubro
- R$ 230,00 em cota parlamentar em novembro
A verba de gabinete é destinada ao custeio dos salários dos dezessete funcionários do mandato de Ramagem, enquanto a cota parlamentar cobre despesas como aluguel de carros e manutenção de escritório.
Ausência justificada com atestados médicos
O parlamentar apresentou atestados médicos para justificar sua ausência a partir de 9 de setembro, data que coincide com o início do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do núcleo crucial da trama golpista, composto por Ramagem e mais sete pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo afastado, o deputado registrou presença em sessões remotamente e chegou a votar no projeto de lei Antifacção, aprovado no dia 18 de novembro, o que ajudou a manter sua situação regular perante a Casa.
Câmara alega desconhecimento
Após a publicação de fotos do ex-chefe da Abin em Miami pelo site Platô.br, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), emitiu nota afirmando que não sabia e nem havia autorizado a viagem do deputado ao exterior.
Ramagem também ocupa um imóvel funcional em Brasília desde o início de seu mandato, em março de 2023, que continua à sua disposição.
Este é o terceiro caso de deputado que deixa o país sem comunicar oficialmente à Câmara, seguindo os exemplos de Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, ambos do PL de São Paulo. Nos dois casos anteriores, os parlamentares ainda não sofreram punições, embora tenham seus salários congelados por decisão judicial.