O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, decretou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro baseado em um conjunto de fatores que demonstram risco concreto de descumprimento de medidas judiciais e possível tentativa de fuga.
Fatores decisivos para a prisão
Dois elementos centrais pesaram na decisão do ministro: a convocação pública feita pelo senador Flávio Bolsonaro para uma vigília em frente ao condomínio onde vive o ex-presidente, e a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica detectada pela Polícia Federal.
Para Moraes, o chamado do filho do ex-presidente tinha potencial claro para gerar tumulto e dificultar o cumprimento de decisões judiciais, além de criar condições favoráveis para uma eventual fuga. O vídeo publicado pelo senador foi considerado uma peça fundamental na fundamentação da prisão preventiva.
Histórico que reforçou o risco de fuga
A tentativa de violar a tornozeleira eletrônica reforçou os alertas sobre o risco de evasão do ex-presidente. Este episódio ganha ainda mais relevância quando analisado em conjunto com outros eventos anteriores.
O ministro lembrou em sua decisão a passagem nebulosa de Bolsonaro pela embaixada da Hungria em fevereiro do ano passado, ocorrida logo após a apreensão de seu passaporte. Na época, a Polícia Federal já havia solicitado manter agentes posicionados diante da casa do ex-presidente como medida preventiva contra fugas.
O histórico de fugas envolvendo pessoas do círculo íntimo de Bolsonaro também foi citado como argumento para a prisão preventiva. Moraes mencionou três casos específicos:
- Carla Zambelli, que deixou o país
- Eduardo Bolsonaro, vivendo no exterior
- Alexandre Ramagem, que fugiu para os Estados Unidos
Essa sucessão de fugas reforçou a tese de que existe uma rede de apoio capaz de auxiliar o ex-presidente em uma eventual evasão do país.
Mobilização que não aconteceu
A análise do vídeo de Flávio Bolsonaro revelou uma tentativa explícita de estimular a presença física de apoiadores diante do condomínio. Contudo, a mobilização esperada não se concretizou, expondo uma realidade política significativa.
A direita brasileira vive atualmente um vácuo de ruas, sem grandes atos públicos e com líderes mobilizadores como Silas Malafaia recuando de posições mais confrontadoras. A base bolsonarista, antes considerada inflamável, não reagiu da mesma forma que em momentos anteriores.
Este descompasso entre a necessidade política da família Bolsonaro e a apatia de sua militância tornou-se evidente com o fracasso da convocação para a vigília.
Caminho para o desfecho final
Com os recursos judiciais se esgotando, Alexandre de Moraes convocou uma sessão virtual para que o plenário do STF referende a prisão preventiva. A orientação é clara: a medida não se relaciona diretamente com o fim da ação penal sobre a trama golpista, mas sim com o reiterado descumprimento de medidas cautelares impostas ao ex-presidente.
O julgamento continua em curso, mas o caminho que leva Bolsonaro ao sistema prisional está praticamente traçado. As próximas horas serão decisivas para mostrar se o ex-presidente ainda conta com algum nível de mobilização popular ou se enfrentará, em completo isolamento político e jurídico, o momento mais crucial de sua trajetória.
A decisão de Moraes, atualizada em 23 de novembro de 2025, representa um marco no processo judicial que envolve o ex-presidente e seu círculo mais próximo, estabelecendo novos parâmetros para o cumprimento de medidas cautelares no país.