A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada no último sábado (22), está provocando movimentações políticas significativas no Congresso Nacional. A oposição retomou com força as articulações em torno do Projeto da Dosimetria, que altera regras de aplicação de penas no sistema judiciário brasileiro.
Reação imediata da bancada bolsonarista
Logo após a decisão judicial que determinou a prisão de Bolsonaro, deputados e senadores do PL se reuniram na segunda-feira (24) para traçar estratégias. Os parlamentares afirmaram que intensificarão os esforços para votar o texto da Dosimetria ainda este ano, mesmo que a prioridade formal do partido continue sendo a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi enfático ao declarar que a oposição não pretende obstruir trabalhos legislativos, mas reafirmou o compromisso principal com a anistia. "Estamos com foco na anistia. Esse vai virar um assunto para 2026", afirmou o parlamentar às 17h47 durante coletiva.
Mudança no cenário político
Os aliados do ex-presidente argumentam que a prisão preventiva - baseada em risco de fuga, violação da tornozeleira e tentativa de mobilizar apoiadores - criou um novo ambiente político. Flávio Bolsonaro criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso: "Está muito claro para a imprensa que a tornozeleira era o de menos".
O senador também defendeu a vigília convocada na sexta-feira, classificando-a como um ato religioso: "Chamei pessoas para orar e fomos criminalizados. Foi uma vigília pacífica. Ele [Moraes] entendeu que tem um poder sobrenatural de prever o futuro".
Articulação parlamentar ganha força
O senador Rogério Marinho (PL-RN), um dos principais articuladores da pauta, detectou "amadurecimento" dentro do Congresso para colocar o Projeto da Dosimetria em votação. "Queremos que o Parlamento cumpra seu papel. Queremos que cada deputado possa, de forma livre, colocar o que acredita", declarou Marinho.
O parlamentar também anunciou que o PL votará contra a indicação de Jorge Messias ao STF: "Somos contra que um presidente indique advogado ou amigo seu. Claro que vamos votar contra o Messias".
Saúde do ex-presidente preocupa família
Flávio Bolsonaro revelou que ainda não havia visitado o pai desde a prisão, mas planejava fazê-lo junto com o irmão: "Quero ver com meus próprios olhos a saúde dele". A preocupação com as condições de saúde do ex-presidente foi um tema recorrente durante a reunião.
A participação de Michelle Bolsonaro no encontro partidário chamou atenção. Segundo Flávio, ela deu um depoimento emocionado sobre o sofrimento da família e a rotina de preparar as coisas para o marido. "A preocupação é essa: ele estar dentro de um local fechado sozinho", completou o senador.
O deputado Sóstenes Cavalcante, quando questionado sobre levar novamente o tema da anistia aos líderes partidários, respondeu de forma direta: "É só a pauta que temos desde fevereiro", demonstrando que a estratégia política da bancada mantém sua direção original, mesmo com os recentes desenvolvimentos judiciais.