PGR acusa 'Black Kids' de pressionar Exército por golpe e plano de morte
PGR: Militares pressionaram Exército para golpe de Estado

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, fez graves acusações durante o julgamento de militares das Forças Especiais do Exército conhecidos como "Black Kids". Em sessão realizada nesta quarta-feira (12/11/2025) no Supremo Tribunal Federal, Gonet afirmou que os réus pressionaram agressivamente o alto comando do Exército para concretizar um golpe de Estado que manteria o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.

Plano de assassinato de autoridades

De acordo com as investigações, o grupo chegou a elaborar um plano detalhado que previa o assassinato de importantes autoridades brasileiras. Entre os alvos estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

"Os réus processados nesta ação penal foram responsáveis por ações táticas da organização criminosa. É evidente a contribuição decisiva que proporcionaram para a caracterização dos crimes denunciados", declarou Gonet durante sua sustentação oral perante a Primeira Turma do STF.

Consciência da lisura eleitoral

Um dos aspectos mais graves destacados pelo Procurador-Geral foi a constatação de que os acusados sabiam da legitimidade do processo eleitoral, mesmo enquanto propagavam narrativas de fraude para justificar o golpe.

"Uma série de diálogos recolhidos nas investigações mostra que os réus estavam advertidos da lisura do processo eleitoral", ressaltou Gonet, indicando que a alegação de fraude era utilizada de forma consciente e deliberada.

Composição do grupo e acusações

O núcleo julgado é composto por dez réus, sendo nove militares do Exército e um agente da Polícia Federal. A lista inclui:

  • Bernardo Romão Corrêa Netto (coronel do Exército)
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel do Exército)
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira (general da reserva)
  • Fabrício Moreira de Bastos (coronel do Exército)
  • Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel do Exército)
  • Márcio Nunes de Resende Jr. (coronel do Exército)
  • Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel do Exército)
  • Ronald Ferreira de Araújo Jr. (tenente-coronel do Exército)
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel do Exército)
  • Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal)

Nove dos acusados respondem por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, deterioração do patrimônio público e dano ao patrimônio tombado. Apenas Ronald Ferreira de Araújo Jr. teve a acusação atenuada para incitação ao crime.

Defesa contesta acusações

Durante a sessão de julgamento, o advogado Ruyter de Miranda Barcelos, que defende o coronel Bernardo Romão Correa Netto, classificou a decisão como "monocrática" e questionou a base das acusações.

"As denúncias são baseadas em hipóteses, hipóteses que não se realizaram. Como vou defender meu cliente de hipóteses?", argumentou o defensor no início de sua sustentação oral.

O julgamento representa um marco no processo de apuração dos eventos golpistas que ameaçaram a democracia brasileira. Paulo Gonet, que está sendo sabatinado no Senado para recondução ao cargo por mais dois anos, pediu a condenação de todos os dez réus envolvidos no caso.