Operação Galho Fraco mira Carlos Jordy: deputado acusado de desviar R$ 214 mil em cotas
PF mira deputado Carlos Jordy em operação por desvio de verba

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, a Operação Galho Fraco, que tem como um dos alvos o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ). O parlamentar é investigado por suposto desvio de recursos das cotas parlamentares por meio de contratos de aluguel de carros com empresas suspeitas de serem de fachada. Junto com ele, também foi alvo de buscas o líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

As acusações da Polícia Federal

De acordo com as investigações, Jordy e Cavalcante teriam utilizado dinheiro público para pagar aluguéis de veículos a empresas que apresentam fortes indícios de irregularidade. A principal citada é a Harue Locação de Veículos, também conhecida como Alfa Car. A PF constatou que a empresa não funciona em seu endereço fiscal oficial, configurando uma "dissolução irregular".

Os valores desviados são significativos. Entre os anos de 2020 e 2024, Carlos Jordy teria repassado R$ 214 mil à Harue, enquanto Sóstenes Cavalcante pagou R$ 192,4 mil. Outro ponto que levantou suspeitas foi o tamanho da frota: enquanto locadoras reais no Rio de Janeiro costumam ter mais de 20 veículos, a empresa investigada possuía apenas cinco carros.

A investigação também destaca movimentações financeiras atípicas de assessores ligados aos gabinetes dos dois deputados, com valores incompatíveis com seus rendimentos declarados.

Quem é Carlos Jordy, o deputado bolsonarista alvo da PF

Nascido em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Carlos Jordy está em seu segundo mandato como deputado federal. Ele foi eleito pela primeira vez em 2018, na esteira do bolsonarismo, e é considerado parte do núcleo duro de defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Filiado ao PL, ele também integrou o extinto PSL.

Antes de chegar a Brasília, construiu sua base política como vereador em Niterói. Conhecido por discursos alinhados à agenda de segurança pública e costumes, foi o quarto parlamentar mais votado do Rio em 2018, com mais de 200 mil votos. Em 2022, contudo, caiu para a 13ª posição, somando pouco mais de 114 mil votos.

Apesar da queda, mantém influência dentro do partido. Atualmente, ocupa os cargos de vice-líder da oposição e da minoria na Câmara, além de ser titular na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Com a possibilidade de Flávio Bolsonaro concorrer à Presidência em 2026, Jordy alimenta a esperança de ser lançado candidato ao Senado.

Histórico de polêmicas e a briga familiar

Esta não é a primeira vez que Carlos Jordy se envolve em controvérsias relacionadas ao uso da cota parlamentar. Em 2019, logo no início do mandato, ele foi reembolsado por corridas de aplicativo para um bar e uma casa de diversão adulta em São Paulo. Os gastos somaram R$ 188, sendo R$ 91,54 apenas para os trajetos até o estabelecimento adulto. O caso veio à tona durante sua campanha à prefeitura de Niterói, em 2024. Na ocasião, ele se defendeu alegando que um ex-assessor havia feito os deslocamentos e se comprometeu a devolver os valores.

Além das questões políticas, Jordy tem uma relação conturbada publicamente com o irmão, o deputado estadual Renan Jordy, também do PL. A disputa chegou à Justiça, com Carlos Jordy tentando impedir que o irmão usasse o apelido "Jordy" na política – apelido que ambos adotaram na infância por causa da semelhança com o cantor francês Jordy Lemoine. O deputado federal, cujo nome de registro é Carlos Roberto Coelho de Mattos Junior, perdeu a ação.

As desavenças extrapolaram o tribunal e foram parar nas redes sociais. Em um vídeo publicado no dia 8 de dezembro, Carlos Jordy criticou publicamente a conduta do irmão, tentando se desvincular dele. Renan respondeu com outro vídeo, cheio de ataques indiretos, sem citar o nome de Carlos, mas fazendo alegações graves sobre o passado do irmão e questionando a aplicação de suas emendas parlamentares.

A defesa do parlamentar e os próximos passos

Em resposta às buscas da PF, Carlos Jordy se manifestou nas redes sociais. Ele classificou a operação como uma "perseguição covarde" e negou veementemente a prática de qualquer crime. A defesa do parlamentar deve seguir os trâmites legais perante a Justiça.

A Operação Galho Fraco joga luz sobre o uso das cotas parlamentares e deve reacender o debate sobre o controle e a fiscalização desses recursos públicos. Enquanto a investigação segue em andamento, a situação política de Jordy, que aspira a uma vaga no Senado, fica sob forte tensão.