PF apreende R$ 430 mil em casa de líder do PL e ano termina com derrotas para bolsonarismo
PF acha R$ 430 mil com líder do PL; ano é de derrotas bolsonaristas

O ano legislativo de 2025 terminou com uma série de reveses significativos para o Partido Liberal (PL) e aliados do bolsonarismo. O ponto final foi dado na sexta-feira, 19 de dezembro, com uma operação da Polícia Federal que atingiu dois dos principais líderes da legenda na Câmara dos Deputados.

Operação Quebra Galho e a descoberta do dinheiro vivo

A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências dos deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL do Rio de Janeiro. A ação, batizada de "Operação Quebra Galho", foi autorizada pelo ministro do STF Flávio Dino, que investiga desvios de recursos da cota parlamentar.

O momento mais emblemático da diligência ocorreu na casa de Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara. Os agentes federais encontraram a quantia de R$ 430 mil em dinheiro vivo, em notas de R$ 100, dentro de um saco de lixo no fundo de um armário.

Questionado sobre a origem do montante, o deputado e pastor da Assembleia de Deus afirmou que o dinheiro era proveniente da venda de um imóvel em Minas Gerais. No entanto, ele não apresentou detalhes sobre a localização do bem nem a escritura lavrada em cartório para comprovar a transação. Cavalcante justificou a posse do dinheiro em espécie alegando um "lapso" devido à "correria dos trabalhos".

O ministro Flávio Dino também determinou a quebra dos sigilos telefônico e bancário dos dois parlamentares, cobrindo o período de 2018 a 2024. A investigação apura suspeitas de que assessores dos deputados teriam manipulado parte das emendas parlamentares.

Ano de derrotas: cassações, condenação e veto

A operação da PF foi a cereja do bolo de uma semana devastadora para o PL. Na quinta-feira, 18 de dezembro, a Câmara cassou os mandatos de dois figuras centrais do bolsonarismo: o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado pelo STF e atualmente foragido nos Estados Unidos, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que perdeu o mandato por excesso de faltas após se mudar para os EUA.

No meio da semana, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), foragida na Itália e com pedido de extradição pelo STF, renunciou ao mandato para evitar a perda automática, preservando os votos para o partido.

O ano de 2025 foi marcado por uma baixa produção legislativa, com a oposição, liderada pelo PL, travando pautas e insistindo na proposta de anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O objetivo central do partido era tentar livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão.

Essa estratégia, no entanto, fracassou. Em setembro, Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Posteriormente, o projeto de anistia, reformulado como projeto de dosimetria para redução de penas, foi aprovado na Câmara em 17 de dezembro, mas o presidente Lula já afirmou que vai vetá-lo.

No dia 19 de dezembro, o STF ainda negou os recursos das defesas de Bolsonaro e de outros dois condenados: o general Augusto Heleno e o ex-deputado Alexandre Ramagem. O ministro Alexandre de Moraes autorizou uma cirurgia de hérnia no ex-presidente, mas negou o pedido para que ele cumprisse a pena em prisão domiciliar.

Caso Master e a atuação do TCU

Em meio às investigações, o deputado Sóstenes Cavalcante tentou desviar o foco para o envolvimento da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, com o Banco Master. O escritório dela foi contratado em 2024 por R$ 130 mil mensais.

O caso do Banco Master, liquidado pelo Banco Central em 18 de novembro de 2025, gerou um rombo bilionário que afetou fundos de pensão de estados como Rio de Janeiro e Amapá. O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jhonatas de Jesus

A atuação do TCU chamou a atenção, uma vez que o processo de liquidação não envolve diretamente recursos da União. Jhonatas de Jesus tem ligações com o ex-presidente Michel Temer, que atua nos bastidores em defesa dos interesses do Banco Master.

Com o recesso do Legislativo e do Judiciário, os desdobramentos dessas operações e investigações ficarão para 2026. Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro passará o Natal de 2025 em uma cela especial da Polícia Federal em Brasília, à espera do início do cumprimento de sua pena.