O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se envolveu em uma nova polêmica nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025, ao utilizar um termo considerado historicamente pejorativo durante um discurso oficial. O fato ocorreu durante uma cerimônia para a ampliação da capacidade operacional da Refinaria Abreu e Lima, localizada no município de Ipojuca, em Pernambuco.
O Discurso e o Termo Controverso
Em sua fala, que tinha como tema central o combate à violência contra as mulheres, o chefe do Executivo fez um apelo. Lula defendeu a necessidade de "um movimento nacional dos homens contra os 'animais' que batem, judiam e maltratam as mulheres". A declaração foi feita publicamente e, posteriormente, compartilhada nas redes sociais pelo perfil oficial do governo federal, o CanalGov.
O ponto central da controvérsia recai sobre o verbo "judiar", utilizado pelo presidente como sinônimo de maltratar. Especialistas em linguística e história apontam que a palavra carrega uma conotação negativa e preconceituosa, por remeter diretamente ao povo judeu. Seu uso chegou a ser evitado ao longo dos anos, especialmente por fazer referência ao extermínio em massa de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler, no século XX.
Divulgação Oficial e Repercussão
A publicação da fala completa no perfil @canalgov no X (antigo Twitter) amplificou o alcance do episódio. O canal oficial do governo divulgou um trecho do vídeo com a legenda: "PROTEÇÃO DAS MULHERES | 'É preciso que haja um movimento nacional dos homens contra os 'animais' que batem, judiam e maltratam as mulheres'. – Presidente @LulaOficial".
Até o momento da apuração desta notícia, a postagem não havia sido removida ou alterada pelos responsáveis pela comunicação do governo. A manutenção do conteúdo com o termo considerado inadequado gerou questionamentos por parte de observadores e da comunidade judaica no Brasil.
Contexto Histórico e Sensibilidade
A escolha lexical do presidente reacendeu um debate importante sobre a sensibilidade no uso da linguagem, especialmente por parte de autoridades públicas. O termo "judiar" é visto como um resquício linguístico de um período de intensa discriminação.
Analistas destacam que, embora o objetivo do discurso de Lula fosse nobre – combater a violência doméstica –, a utilização de uma palavra com tal carga histórica negativa pode ofuscar a mensagem principal e causar desconforto. O episódio levanta questões sobre a revisão de discursos oficiais para evitar termos que possam ferir grupos sociais ou minorias.
A cerimônia em Ipojuca, que deveria ter como foco os investimentos na refinaria, foi marcada por esta declaração que rapidamente ganhou espaço no noticiário nacional, desviando a atenção do anúncio econômico inicialmente planejado.