O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, marcou uma reunião urgente com a cúpula do Banco de Brasília para esta segunda-feira (24). O encontro acontece em meio às investigações da operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público.
Mudanças na direção do BRB
Como resultado direto da operação, a Justiça Federal em Brasília determinou o afastamento de dois principais executivos do BRB: Paulo Henrique Costa, então presidente, e Dario Oswaldo Garcia Junior, diretor financeiro. Ibaneis Rocha decidiu pela substituição definitiva de ambos os cargos.
O novo indicado para comandar o banco é Nelson Souza, ex-presidente da Caixa Econômica Federal. Seu nome já recebeu aprovação do conselho do BRB, mas ainda precisa passar pela Câmara Legislativa do DF, com votação prevista para já nesta terça-feira (25).
Investigação aponta esquema bilionário
As investigações revelam um complexo esquema financeiro envolvendo R$ 50 bilhões em certificados de depósito bancário (CDBs) emitidos pelo Banco Master. Segundo as apurações, o banco teria oferecido juros acima do mercado sem comprovar liquidez para honrar os compromissos.
Para criar uma aparência de solidez financeira, o Master aplicou parte dos recursos em ativos inexistentes, adquirindo créditos da empresa Tirreno sem qualquer pagamento. Esses mesmos créditos foram posteriormente vendidos ao BRB, que desembolsou R$ 12,2 bilhões sem a documentação adequada.
Preocupação do governador
Em declaração à TV Globo na sexta-feira (21), Ibaneis Rocha justificou a necessidade da reunião afirmando que tinha "lido e ouvido muitas coisas" que não eram de seu conhecimento desde a operação. No entanto, um dia antes, o governador havia minimizado a investigação, atribuindo os erros do ex-presidente do BRB a "excesso de confiança".
Em decisão obtida pela TV Globo, o juiz Ricardo Leite pediu ao Banco Central uma investigacão minuciosa e isenta sobre a situação patrimonial real do BRB. O documento judicial menciona a hipótese de que dirigentes do banco teriam adotado "procedimentos escusos" e atuado com "pura camaradagem" para injetar recursos no Banco Master.
As transações questionadas ocorreram no mesmo período em que o BRB tentava adquirir o controle do Banco Master, buscando convencer os órgãos reguladores sobre a viabilidade da operação e a ausência de riscos para seus acionistas, incluindo o governo distrital.