Governador afastado do Tocantins é alvo de nova operação policial
Nesta quarta-feira (12), a Polícia Federal deflagrou a Operação Nêmesis contra o governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa, do Republicanos. A ação investiga suspeitas de que o político tentou atrapalhar as investigações da Operação Fames-19, que apura desvios de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de COVID-19.
Cena de abandono na residência do governador
De acordo com informações apuradas pela TV Anhanguera, às vésperas de seu afastamento em 3 de agosto, quando foi alvo de buscas da Fames-19, o governador teria deixado a casa onde morava de maneira precipitada. Os policiais encontraram luzes ligadas, comida sobre a mesa, um cofre aberto e vazio, além de um celular que apresentava sinais de ter sido resetado para as configurações de fábrica.
O aparelho foi localizado carregando sobre um gaveteiro, ao lado da cama de um dos cômodos. Os agentes militares que faziam a segurança do governador deram versões conflitantes sobre o paradeiro dele e da primeira-dama, Karynne Sotero Campos. O casal só foi encontrado horas depois na Fazenda Santa Helena, em Aparecida do Rio Negro (TO).
Suspeita de conhecimento prévio das investigações
Segundo a decisão judicial que autorizou a operação, há fortes indícios de que os investigados tomaram conhecimento previamente da diligência policial. O documento afirma que "muito provavelmente, tomaram conhecimento da ordem antes mesmo de seu cumprimento, atuando ativamente para subtrair documentos, equipamentos eletrônicos e, possivelmente, dinheiro em espécie para frustrar o escopo das investigações".
A Operação Nêmesis foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins. As investigações apontam que alguns investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais de interesse da investigação.
Histórico de afastamento e investigações
Wanderlei Barbosa e a primeira-dama foram afastados do cargo no dia 3 de setembro de 2025 por decisão do ministro Mauro Campbell, do STJ, posteriormente referendada pela Corte Especial do órgão. Eles são investigados por crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa.
As investigações tiveram início durante a deflagração da 2ª fase da Operação Fames-19, que afastou Wanderlei Barbosa pelo prazo de 180 dias. Na época dos fatos investigados, referentes aos anos de 2020 e 2021, Wanderlei era responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos para ajudar a população durante a pandemia.
A Polícia Federal investiga se houve desvio de dinheiro das cestas básicas que podem ter sido aplicados na construção de uma pousada luxuosa ligada à família do governador. As investigações apontam que Karynne teria intermediado as contratações, atuado na organização da parte documental e tomado ciência da distribuição das vantagens indevidas previamente combinadas.
Defesa do governador afastado
Em nota, a assessoria de Wanderlei Barbosa afirmou que o governador recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal enquanto aguarda o julgamento de recurso no Supremo Tribunal Federal. A nota reitera "a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições".
Durante as buscas desta quarta-feira, foram apreendidos celulares pertencentes ao governador afastado. A assessoria informou que, por enquanto, não vai se manifestar adicionalmente sobre o caso.