Flávio Bolsonaro condiciona candidatura em 2026 à anistia do STF
Flávio Bolsonaro: pré-candidatura em 2026 tem preço

O cenário político para as eleições de 2026 ganhou um novo capítulo de negociações e condicionantes. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), pré-candidato à Presidência da República, declarou publicamente que sua disposição para concorrer ao Palácio do Planalto "tem preço" e pode ser revista mediante uma contrapartida específica.

O "preço" da desistência

Em declarações feitas no domingo, 7 de julho, o filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi direto ao ponto. "Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho um preço para isso, que eu vou negociar", afirmou o parlamentar. Ele prometeu revelar os detalhes desse valor posteriormente, gerando especulações imediatas sobre qual seria a moeda de troca para sua eventual retirada da corrida eleitoral.

A principal contrapartida indicada pelo senador envolve a arena legislativa e um dos temas mais sensíveis do debate político atual. Flávio Bolsonaro deixou claro que a aprovação de um projeto de anistia para os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo sobre os atos golpistas de 8 de janeiro é parte central do acordo.

Anistia como moeda de troca

"Espero que a gente paute essa semana a anistia", disse o senador, direcionando cobranças aos presidentes da Câmara e do Senado. Ele espera que os líderes do Congresso cumpram promessas feitas anteriormente e levem a votação ao plenário. Questionado se a aprovação da anistia seria o preço para abandonar a candidatura, Flávio respondeu de maneira evasiva, mas confirmatória: "Não é só isso não, mas tá indo bem".

A declaração ocorre em um contexto familiar delicado. Jair Bolsonaro, pai do senador, encontra-se sob custódia da Polícia Federal em Brasília desde 25 de novembro, após violar regras da tornozeleira eletrônica durante o cumprimento de prisão domiciliar. Flávio foi um dos visitantes do ex-presidente no prédio da PF.

Cenário eleitoral e apoio partidário

Enquanto as negociações pessoais avançam, as pesquisas de intenção de voto começam a delinear o campo de batalha para 2026. Um levantamento do Instituto Datafolha coloca o presidente Lula com 41% das intenções de voto, enquanto Flávio Bolsonaro aparece com 18%. Os números mostram um eleitorado ainda em formação, mas com uma dianteira considerável do atual mandatário.

A pré-candidatura de Flávio foi apresentada publicamente como uma escolha do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro. Após o anúncio, tanto o Partido Liberal (PL) quanto outros políticos alinhados ao clã Bolsonaro manifestaram apoio à sua candidatura, consolidando-o como o nome principal da direita bolsonarista no pleito.

O núcleo familiar e político enfrenta, no entanto, o peso das condenações judiciais. Jair Bolsonaro e outros seis réus considerados parte do "núcleo crucial" da tentativa de golpe de Estado foram condenados pela Primeira Turma do STF. A proposta de anistia, portanto, toca diretamente no destino jurídico do ex-presidente e de seus aliados mais próximos.

As declarações do senador Flávio Bolsonaro abrem um precedente inédito de barganha política explícita, misturando interesses eleitorais com agendas legislativas e judiciais. O desfecho dessa negociação promete impactar não apenas a configuração das candidaturas em 2026, mas também o delicado equilíbrio entre os Poderes no Brasil.