
Parece coisa de filme, mas é a pura realidade. Enquanto o país se afogava na pior crise sanitária da história, alguns aproveitadores nadavam de braçada em dinheiro público. E o pior? Faziam isso com uma naturalidade que chega a dar calafrios.
Mauro Marques, esse empresário que virou delator premiado, soltou uma frase que resume tudo: "Você nunca ganhou dinheiro tão fácil na sua vida. Está feliz?". A pergunta, feita por um dos envolvidos no esquema, soa como um soco no estômago de qualquer cidadão honesto.
Como Funcionava a Máquina de Corrupção
O negócio era simples — assustadoramente simples. A empresa dele, a MM Brasil, servia de fachada para um esquema bilionário de compra de respiradores. O preço real? Cerca de 40 mil reais por unidade. O valor pago pelo governo? Quase o dobro! Algo em torno de 78 mil reais cada aparelho.
Pensa bem: enquanto hospitais colapsavam e pessoas morriam por falta de equipamentos, esses caras embolsavam milhões sem o menor pudor. É de cair o queixo, não é?
- Contrato de 1,3 bilhão de reais para 8.000 respiradores
- Preço unitário superfaturado em quase 100%
- Empresa fantasma como intermediária
- Pagamentos feitos às pressas, sem licitação
Os Personagens Desse Pesadelo
Marques não estava sozinho nessa jornada pelo fundo do poço ético. Ele aponta o dedo para vários figurões, incluindo um ex-assessor do Ministério da Saúde que hoje ocupa cargo no Ministério da Ciência e Tecnologia. Conveniente, não?
E tem mais — muito mais. O delator menciona um "grupo do ZapZap" onde tudo era combinado. Imagens, documentos, valores... Tudo tratado com a mesma naturalidade com que se marca um churrasco de domingo.
"Eles estavam felizes da vida", conta Marques sobre os envolvidos. Felizes enquanto o país chorava seus mortos. Difícil até de processar uma informação dessas.
As Consequências — Ou a Falta Delas
Aqui vem a parte que mais dói: até agora, pouca coisa mudou. Alguns dos investigados continuam ocupando cargos importantes. Outros seguem sua vida como se nada tivesse acontecido.
O Ministério Público Federal já identificou mais de 20 empresas suspeitas nesse mesmo esquema. Vinte empresas! Isso não é um caso isolado, é uma epidemia de corrupção dentro da pandemia.
E sabe qual é o maior absurdo? Muitos desses respiradores superfaturados nem sequer chegaram aos hospitais. Alguns ficaram encaixotados em depósitos, outros eram de qualidade duvidosa. Uma tragédia dentro da tragédia.
O Que Isso Diz Sobre Nós?
Reflita por um minuto: enquanto você fazia isolamento, perdia entes queridos e via o país parar, havia pessoas enriquecendo de forma obscena com a desgraça alheia. E o pior — elas se sentiam felizes com isso.
Marques, pelo menos, está colaborando com a Justiça. Mas e os outros? Quantos ainda estão por aí, se achando espertos por terem lucrado com o sofrimento nacional?
O caso dos respiradores não é só mais um escândalo de corrupção. É um retrato cruel de como alguns enxergam o serviço público: não como missão, mas como oportunidade de enriquecimento.
E enquanto não houver consequências reais para todos os envolvidos, essa história triste vai continuar se repetindo. Só mudam os personagens e o contexto — a ganância, essa permanece a mesma.