CPMI do INSS ouve empresário que repassou R$ 3 mi a aliado de Alcolumbre
Empresário repassou R$ 3 milhões a aliado de Davi Alcolumbre

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS convocou para depoimento o empresário Rodrigo Moraes, um dos fundadores da Arpar Participação. A empresa está no centro das investigações após revelações de que transferiu R$ 3 milhões para Paulo Boudens, homem de confiança do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

Os detalhes da operação milionária

Segundo a Polícia Federal, a Arpar Participação era utilizada por criminosos para lavar dinheiro e pagar propinas a beneficiários do esquema de fraudes nas aposentadorias. As investigações apontam que o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 4 bilhões.

Em um período de apenas cinco meses, entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, a empresa movimentou a impressionante quantia de R$ 98 milhões. Metade desse valor, equivalente a R$ 49 milhões, foi depositado pelo lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", considerado um dos principais operadores do esquema fraudulento.

O papel do assessor presidencial

Na época em que recebeu os R$ 3 milhões da Arpar, Paulo Boudens atuava como assessor parlamentar no gabinete de Davi Alcolumbre. Desde outubro de 2024, o funcionário está lotado no Conselho Político do Senado, onde recebe um salário mensal de R$ 30 mil.

Os parlamentares da CPMI querem entender os motivos do pagamento milionário ao ex-assessor do presidente do Congresso. O depoimento de Rodrigo Moraes está marcado para segunda-feira, 24 de novembro de 2025.

Rede empresarial sob suspeita

Rodrigo Moraes fundou a Arpar em sociedade com Anderson Orlandini. Os dois empresários também são donos da Arm Capital do Brasil, empresa alvo de inquérito por suspeitas de lavagem de dinheiro e ocultação de bens.

A Arm Capital, fundada em 2019 e sediada em São Paulo, começou a ser investigada após um alerta de instituição financeira sobre transações internacionais suspeitas. Entre maio e novembro de 2022, a empresa realizou 862 operações bancárias totalizando R$ 276 milhões.

O banco que emitiu o alerta ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) destacou que representantes da Arm Capital resistiram a fornecer documentos solicitados. "Diante da resistência destacada, nos questionamos se a origem do capital da empresa era, de fato, de investidores qualificados", informou a instituição financeira.

Investigadores que visitaram a sede da Arm Capital constataram que a empresa não funciona no endereço declarado, aumentando as suspeitas sobre suas atividades. Relatórios do COAF mostram que as contas da companhia receberam aproximadamente R$ 120 milhões em depósitos entre 2018 e 2023.

O inquérito aponta que "a Arm Capital figura exclusivamente como beneficiária em todas as transações identificadas, totalizando uma soma expressiva e que grande parte desses valores foram enviados por pessoas jurídicas cuja constituição é duvidosa".