CPMI do INSS adia depoimentos pela segunda vez consecutiva
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS cancelou mais uma vez o aguardado depoimento do ex-coordenador-geral de Pagamento de Benefícios do instituto, Jucimar Fonseca da Silva. O interrogatório estava marcado para esta segunda-feira, 24 de novembro de 2025.
Esta é a segunda vez consecutiva que Fonseca não comparece para prestar esclarecimentos à comissão. Na semana anterior, o ex-dirigente apresentou um atestado médico e faltou à convocação original, mesmo após a Junta Médica do Senado ter considerado possível sua presença.
Empresário investigado também não deporá
Também estava previsto para o mesmo dia o interrogatório do empresário Rodrigo Moraes, sócio da Arpar Administração, Participação e Empreendimento. Até o momento, a cúpula da CPMI não divulgou explicações formais para o cancelamento dos dois depoimentos.
Segundo informações da comissão, ainda não há uma nova data marcada para as oitivas. A situação gera frustração entre os parlamentares que investigam irregularidades no INSS.
Reação dos parlamentares
A ausência de Fonseca na semana anterior causou indignação entre os membros da CPMI. O relator da investigação, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), foi enfático ao declarar durante reunião do colegiado que ali não era a "casa da mãe Joana, para o cidadão escolher o dia" que vai depor.
A irritação dos parlamentares indicava o clima tenso que aguardava Fonseca nesta segunda-feira, antes do cancelamento ser anunciado.
Contexto das investigações
Quando ocupava cargo de chefia no INSS, Jucimar Fonseca foi um dos responsáveis por autorizar o desbloqueio em lote dos descontos associativos em benefícios de segurados. Segundo integrantes da comissão, essa medida contrariou parecer da procuradoria especializada da autarquia.
A reativação dos convênios beneficiou entidades que são alvo de investigações da Polícia Federal e da própria CPMI.
Já a empresa Arpar, de Rodrigo Moraes, recebeu pelo menos 49 milhões de reais do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS". A PF suspeita que a empresa atuava na lavagem de dinheiro desviado de aposentados e pensionistas e facilitava o pagamento de propina a servidores públicos.
Declarações do presidente da comissão
No sábado à noite, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), usou suas redes sociais para criticar a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar manifestou "solidariedade" ao ex-presidente e sua família.
Em sua publicação, Viana afirmou que a decisão "mexe com a confiança das instituições e com o sentimento de justiça do povo" e defendeu que "decisões dessa gravidade precisam estar ancoradas na lei, na proporcionalidade e no respeito às regras".
O caso continua sob investigação da CPMI do INSS, que busca apurar supostas irregularidades na gestão do instituto.