O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu ter utilizado um ferro quente para danificar sua tornozeleira eletrônica, conforme revelado em vídeo e documentos oficiais. A informação contradiz a versão inicial apresentada pelo ex-presidente, que alegou ter batido o dispositivo em uma escada.
Da versão inicial à confissão
De acordo com o relatório da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF, acionada na madrugada do sábado (22), Bolsonaro inicialmente informou aos agentes penitenciários que havia danificado a tornozeleira ao esbarrar em uma escada.
Somente quando questionado pela diretora-adjunta da pasta, Rita Gaio, o ex-presidente confessou a verdade: "meti um ferro quente aqui", afirmou Bolsonaro em áudio que integra o processo.
O diálogo revelador
O vídeo anexado ao processo mostra o momento em que a diretora questiona Bolsonaro sobre o estado do equipamento:
Diretora: "Equipamento 85916-5. O senhor usou alguma coisa pra queimar?"
Jair Bolsonaro: "Meti um ferro quente aqui."
Diretora: "Ferro quente?"
Bolsonaro: "Curiosidade."
Diretora: "Que ferro foi? Ferro de passar?"
Bolsonaro: "Não. Ferro de soldar, solda."
O documento oficial descreve que o equipamento apresentava "sinais claros e importantes de avaria", com marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe e fechamento do case.
Troca do equipamento e prisão preventiva
O alarme da tornozeleira disparou às 0h07 da madrugada de sábado, acionando imediatamente a equipe de segurança. A violação foi confirmada e uma nova tornozeleira foi instalada às 1h09, horas antes da decretação da prisão preventiva do ex-presidente.
Segundo o documento, após a instalação do novo equipamento (n. 85903) e confirmação de seu funcionamento regular, Bolsonaro foi liberado para retornar ao repouso.
A defesa do ex-presidente deve alegar que a tentativa de romper a tornozeleira ocorreu durante um surto, relacionado à privação de sono ou interferência de medicamentos. Aliados afirmam que Bolsonaro acreditava haver equipamento de escuta no aparelho.
Para o ministro Alexandre de Moraes, a violação "constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga", que seria facilitada pela vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio do ex-presidente.