
Não é segredo que o clima entre os apoiadores mais fiéis de Jair Bolsonaro e o ex-assessor militar Mauro Cid não está nada amistoso. O que era para ser uma relação de confiança virou um verdadeiro campo minado de desconfianças e ressentimentos.
Mas como tudo começou? Bom, a coisa desandou quando Cid — aquele que por anos foi o "homem de confiança" do ex-presidente — resolveu colaborar com a Justiça. Sim, ele fechou um acordo de delação premiada. E não foi qualquer um: o negócio envolve até as tais jóias da Arábia, aquele presente polêmico que virou um dos símbolos dos escândalos do governo anterior.
O peso da traição (ou seria realismo político?)
Entre os bolsonaristas mais radicais, a palavra que mais se ouve é "traição". E não é para menos. Cid sabia de tudo — ou quase tudo — nos bastidores do Palácio do Planalto. Agora, com sua delação, muita coisa pode vir à tona.
"Ele era como um irmão para o Bolsonaro", dispara um apoiador que preferiu não se identificar. "Agora, do nada, vira as costas? Não tem como não ficar com o pé atrás."
Os três motivos que explicam a mágoa
- O timing da delação: Veio num momento delicado, quando Bolsonaro já enfrentava uma enxurrada de problemas jurídicos. Para muitos, foi uma facada nas costas.
- A quebra do código de silêncio: No meio militar, onde Cid vem, certas regras não escritas são sagradas. Sua decisão de falar foi vista como uma violação grave desses princípios.
- O conteúdo das revelações: Detalhes sobre esquemas de corrupção e tráfico de influência podem atingir em cheio a imagem que os bolsonaristas tentam preservar do ex-presidente.
Não dá para ignorar, porém, que parte desse rancor tem um quê de hipocrisia. Afinal, na política, alianças são feitas e desfeitas o tempo todo — e interesses pessoais frequentemente falam mais alto que lealdades.
E agora, José?
O estrago está feito. Entre os apoiadores de Bolsonaro, a sensação é de que Cid "entregou o ouro" — literalmente, considerando o caso das jóias. Resta saber até onde essa delação vai levar e quantos outros nomes importantes podem ser arrastados para o centro do furacão.
Uma coisa é certa: no jogo político brasileiro, como diria o ditado, "amigos, amigos; negócios à parte". E quando a água bate na bunda, cada um salva o seu — mesmo que isso signifique jogar anos de parceria no lixo.